De uns anos para cá, o investimento em bolsa de valores deixou de ser exatamente uma novidade para parte cada vez maior da população brasileira. Mas a prova de que o desenvolvimento do mercado de capitais nacional está só no começo é o recente surgimento dos fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro), em outubro de 2021.
Versão agro dos fundos imobiliários, esses produtos dão acesso à pessoa física a investimentos antes disponíveis apenas aos investidores profissionais ou qualificados. A composição dos Fiagros pode misturar Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), cotas de outros Fiagros e imóveis rurais.
Além de um novo produto de investimento na bolsa de valores, esses fundos abrem ao produtor rural uma nova via de financiamento. O mercado de capitais agora exerce um papel antes restrito ao Banco do Brasil e outros bancões.
Dada a robusta demanda do agronegócio por crédito para capital de giro – para crescimento das companhias ou para tocar as safras –, Paulo Mesquita, sócio da Riza Asset, diz que a indústria de Fiagros está só começando.
A captação desses fundos cresceu 50% no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período no ano passado.
Nem tudo são flores. Tanto a Faria Lima quanto as próprias empresas do agronegócio têm um trabalho a ser feito para que os Fiagros se consolidem no portfólio do investidor em geral.
A dificuldade de profissionais é o principal empecilho do setor financeiro, disse Paulo em sua participação no Nomos Agro Summit, em 31 de agosto. As gestoras têm o desafio de montar equipes qualificadas, que entendam bem do setor agropecuário e consigam transitar na Faria Lima.
Já há um crescimento na migração de agrônomos para o mercado. Dado o recente casamento entre os setores financeiro e agrícola, descreve o sócio da Riza, hoje as pessoas se formam nas universidades de Viçosa ou Lavras e vão para as assets, algo antes raro.
Do lado das empresas, falta o avanço em governança – leia-se transparência dos dados. “São poucas as empresas que apresentam governança que permita fazer uma análise bastante detalhada.”
O setor responsável por um terço do PIB brasileiro é novato na B3, mas carrega hábitos de longa data consigo. As companhias são muito familiares, explicou Paulo Mesquita, de modo que os produtores ainda têm lacunas na reportagem de dados. Assim, ainda é difícil montar relatórios contábeis como o fluxo de caixa e, portanto, entender a dinâmica dos produtores.
Dos dois desafios, Paulo ressalta a demanda por profissionais como o de maior peso. Ainda assim, as pedras no caminho não cortam os bons ventos a favor do setor de Fiagros.
Promovido pela Nomos Investimentos
Executivos do agronegócio, gestoras de Fiagro e especialistas em linhas de crédito e seguros Agro compuseram os sete painéis do Nomos AgroSummit, que também contou com o lançamento da Carteira Max Agro, 100% voltada para o setor.
O Nomos AgroSummit é um evento da Nomos Investimentos, promovido exclusivamente para os clientes do escritório, com objetivo de conectá-los com todas as oportunidades do setor que mais cresce no Brasil.