A chave do trade errado (e como fugir dela)

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Nem todo medo é igual. Em uma abordagem mais generalista, pode-se distingui-los em dois tipos: saudável e ruim. A divisão segue válida quando o assunto é day trade, defende o analista técnico Filipe Borges.

Desde 2008 no mercado financeiro, ele diz ter demorado de dois a três anos para entender de fato o funcionamento do mercado e começar a ganhar dinheiro com operações de curto prazo.

Para a mudança de resultados, além da gestão emocional e psicológica, foi necessário muito estudo. Filipe relata uma rotina de 15 horas por dia analisando gráficos. 

Dois lados da moeda

Medo ruim

Da experiência de uma década e meia negociando em bolsa, o especialista é objetivo: quem entra em uma operação com medo, está fazendo algo errado. 

Há duas principais razões para tal medo, explica. A primeira é a falta de conhecimento pura e simples, que resulta em ausência de confiança no setup utilizado. “Isso é muito fácil de resolver: estudar.”

Outro ponto é a alavancagem. Arriscar mais do que se tem – e do que se pode perder – vitima 90% dos traders sem sucesso, de acordo com Filipe Borges. 

Em suma, o medo ruim vem da falta de preparo e da alavancagem. A combinação geralmente é fruto de ganância, a qual enevoa as aspirações de muitos que entram no mercado. 

Na própria experiência pessoal, Filipe relata já ter visto gente de muito potencial, ótimos leitores de gráficos, mas que quebraram por conta da ganância. 

Medo bom

A outra face do medo sintomático é um receio necessário, “você tem que ter para respeitar o mercado financeiro”. Isso porque a fase mais difícil do trading é quando o operador começa a ganhar dinheiro.

Filipe explica. Depois de passar pela fase de aprendizado e trabalhar com gestão de risco, faz parte do processo começar a ganhar dinheiro e, portanto, surge a tentação de arriscar mais. 

Para muitos, o início dos lucros trazem a sensação de que o mercado vai respeitar sua análise, quando o fluxo é completamente o contrário. “Tudo no mercado é probabilidade, por isso a gente coloca stop em todas as operações”, contrapõe o analista. 

Ou seja, o medo por entender que o mercado é sempre soberano sobre as percepções pessoais é um medo válido. Quem não tem tal respeito cai na soberba de achar que é melhor que todo mundo – a chave para levar uma rasteira definitiva do mercado.

Beco com saída 

Cultivar o medo bom requer disciplina das próprias percepções. Já para resolver o medo ruim, não há cursinho de três dias que resolva. 

Filipe aconselha o aspirante a trader a passar horas diante da tela, analisando operações e gráficos, até conseguir realmente validar um setup e, portanto, ter confiança no que faz.

Nessa jornada, a presença de emoções é sintoma de que algo não está bem. Sempre que agiu com emoção e com muito medo na bolsa, conta Filipe, ele não estava com certeza ou confiança do que iria fazer. 

“Quando o mercado mostra o sinal de entrada com a estratégia que você quer, não tem que haver dúvida se é pra entrar ou não”, sintetiza. Você tem que simplesmente seguir seu operacional, e isso te traz muita tranquilidade.”

As facilidades para quem começa agora são muito mais abundantes que quando Filipe começou. As plataformas de negociação atuais oferecem replay das operações efetuadas, permitindo ao operador analisar os próprios movimentos

Relato pessoal

Em 2008, não havia simulador de operações como hoje, nem tanto material no YouTube. Filipe recorria às planilhas de Excel para registrar as próprias operações.

Passado o tempo, ele desenvolveu um operacional com 45% a 55% de taxa de acerto. Apesar de parecer pouco, a questão é perspectiva. “Óbvio que todas as operações eu entro para ganhar dinheiro”, mas o foco está na relação risco e ganho ao invés da quantidade de acertos.

Uma boa relação risco e ganho é arriscar R$ 100 para buscar de R$ 200 a R$ 500 por operação, detalha. Não adianta ter uma taxa de acerto muito alta se perde-se muito em uma operação com loss e ganha-se pouco quando se acerta. “A conta não fecha.”

Nesse ritmo, prossegue Filipe, ele não tem dúvidas se entra ou não em uma operação quando o gráfico mostra sinal de entrada. “Eu clico, ponho meu stop e, o que eu sempre falo, deixo o mercado trabalhar. O mercado vai dizer se essa operação será uma operação muito bem-sucedida ou não.”

Passando adiante

As operações de Filipe são transmitidas ao vivo todos os dias na Nomos TV, no YouTube. Há três anos conduzindo salas de trading – e espectadores fixos na mesma longevidade –, o analista conta que recém-chegados têm dificuldades de entender a relação dele com a taxa de acerto.

Existe o mito de que o melhor trader é o com maior taxa de acerto, mas somente ela “não significa nada dentro do mercado financeiro”, prossegue.

A recomendação do trader profissional aos espectadores é buscar relação de risco de dois para um ou três para um. O mínimo é ganhar o dobro do que se perde. 

Pode haver menos acertos, com dois a três stop losses seguidos, mas a operação acertada é de lucro significativo e compensatório, defende Filipe. 

O problema é a impaciência de quem pensa em arriscar R$ 1.000 para ter 15 vezes mais na conta no mês seguinte. O antídoto, conclui, é uma boa dose de medo respeitoso.



 

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