O que está acontecendo no Deutsche Bank?

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As ações do Deutsche Bank despencaram na última sexta-feira (24), e o custo de seguro contra inadimplência na dívida do banco saltou para máximas de vários anos, no mais recente sinal de nervosismo dos investidores em relação aos bancos globais.

O que é o Deutsche Bank e por que ele é importante?

O banco é o maior credor da Alemanha, com ativos totais de cerca de 1,337 trilhão de euros, ou cerca de US$ 1,448 trilhão, no final do ano passado. 

Ele emprega quase 85.000 funcionários em 58 países e é um dos 30 bancos sistemicamente importantes globalmente que os reguladores monitoram mais de perto, para proteger a estabilidade financeira.

Assim como JP Morgan ou Citigroup, o Deutsche Bank é um banco universal que faz desde empréstimos a famílias e empresas até consultoria em fusões corporativas e negociação de títulos para grandes investidores.

Por que os investidores estão tão preocupados com os bancos?

Os investidores estão nervosos com a saúde do setor bancário após o repentino colapso do Silicon Valley Bank, da Silvergate Capital e do Signature Bank nos Estados Unidos, e a aquisição de emergência do Credit Suisse, da Suíça, por um rival nacional, o UBS.

As implosões evidenciaram a vulnerabilidade dos bancos a mudanças repentinas de confiança, em uma era de bancos online e mídia social hiperativa, e como alguns credores estavam despreparados para taxas de juros em rápida ascensão.

Além disso, a aquisição do Credit Suisse levou ao controverso cancelamento de cerca de US $ 17 bilhões em dívidas de maior risco conhecidas como títulos adicionais de nível 1.

Isso provavelmente está aumentando os custos de financiamento para os bancos em toda a Europa, mesmo que as autoridades na União Europeia e no Reino Unido tenham se afastado da ação suíça.

Por que as ações do Deutsche Bank estão sofrendo?

Comentaristas virtuais têm se juntado ao ataque ao Deutsche Bank, assim como fizeram no final do ano passado com o Credit Suisse. Em um eco desse episódio, parte da preocupação se concentra no aumento dos preços dos Credit Default Swaps (CDS).

Os CDS, ou swaps de crédito, são contratos derivativos que os investidores usam para se proteger ou apostar em mudanças na solvência corporativa. O aumento provavelmente reflete a angústia geral em relação ao sistema bancário, bem como a turbulência na dívida bancária europeia de maior risco.

Gráfico mostra que contratos de cinco anos dominaram em euros. Um preço de 0,1 p.p. significa que custa 100 euros por ano para segurar 10.000 euros de dívida contra inadimplência. Fonte: S&P Global Market Intelligence.

O próprio Deutsche Bank também não é estranho a tempos difíceis. Por anos após a crise financeira global, o banco outrora destemido lutou para se reinventar e foi visto como um dos maiores “casos perdidos” da indústria. 

Ele suportou perdas, reestruturações abrangentes, mudanças executivas e grandes multas, e enfrentou crises agudas de confiança do investidor em 2016.

O governo alemão até mesmo apoiou uma resposta estilo UBS-Credit Suisse: uma possível fusão com o rival Commerzbank.

O Deutsche Bank está realmente em apuros?

O Deutsche Bank está muito mais avançado em sua transformação do que o Credit Suisse estava quando a confiança evaporou.

Desde 2018, o Deutsche Bank é liderado pelo CEO Christian Sewing, um homem com vasta experiência em auditoria, controle de risco e bancos de varejo. Sob a liderança de Sewing, o banco parece ter se tornado mais lucrativo e menos propenso a acidentes.

No ano passado, ele obteve um lucro de 5,66 bilhões de euros, a maior quantia desde 2007. O retorno sobre o patrimônio tangível, uma medida importante de lucratividade, foi de 9,4%, superando as previsões. 

O banco também acumulou importantes buffers de capital, com seu índice de capital de nível 1 em um robusto 13,4%.

“Para ser claro – o Deutsche NÃO é o próximo Credit Suisse”, escreveram os analistas da Autonomous Research, Stuart Graham e Leona Li, em uma nota na sexta-feira. 

O banco é sólido e lucrativo, tem os índices de capital mais fortes desde o final dos anos 1990 e tem um risco de taxa de juros menor do que alguns bancos regionais dos EUA, disse a equipe.

 

 

(The Wall Street Journal)

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