Nas últimas semanas, diversas empresas anunciaram a realização de ofertas subsequente de ações (follow-on) na B3. Dentre elas estão: CVC [CVCB3], Localiza [RENT3], Direcional [DIRR3], Vamos [VAMO3], Oncoclínicas [ONCO3] e mais recentemente BRF [BRFS3].
Existem muitas razões para a realização destas ofertas e o TradeNews conversou com o diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, e com o analista de Equity Research da Eleven Financial, Bruno Marin, para identificar a razão dessa nova busca de recursos feita pelas empresas.
Por que tanto follow-on?
De acordo com Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, os follow-ons recentes têm motivos considerados ruins, visto que a maior parte destas ofertas visa a reorganização dos caixas das empresas ou a postergação de suas dívidas.
Já o analista de Equity Research da Eleven Financial, Bruno Marin, explica que esse movimento (de muitas empresas realizarem ofertas subsequentes para “ajeitar” a casa) pode indicar a dificuldade da obtenção de crédito junto aos bancos.
Ainda de acordo com Marin, o elevado nível de alavancagem das empresas também pode explicar o atual cenário. Para o analista, as duas interpretações requerem cuidados em relação ao Ibovespa.
“No momento que essas emissões começarem a ser direcionadas para novos projetos ou novas aquisições, enxergamos que as empresas estão com mais apetite para investir”, afirmou.
Mais follow-on = Mais investidores?
Beto explica que é possível sondar o apetite dos investidores em relação ao ativo e ao follow-on.
Para isso, ele afirma ser necessário olhar quantas pessoas subscrevem à oferta. A oferta subsequente geralmente é restrita aos acionistas atuais e Beto elucida que é preciso observar se essas pessoas estão aderindo ao follow-on.
Já Bruno entende que nem sempre o interesse dos investidores significa que a bolsa esteja também investida na oferta. Segundo ele, a participação pode acontecer por conta de uma oportunidade de mercado – a fim de evitar diluição – ou apenas para aumentar a exposição ao ativo.
“Dito isso, um indicativo de que os investidores estão com apetite ao risco é analisar se as ofertas estão sendo bem-sucedidas, sendo completamente realizadas ou não.”
É bom ou ruim?
Bruno explica que o processo de follow-on pode ter efeitos positivos e negativos para a empresa. No lado favorável, a empresa consegue captar mais dinheiro, sem precisar se alavancar ou elevar suas despesas financeiras.
A companhia também pode usar o dinheiro para novos projetos e aquisições ou para reperfilar sua dívida e reforçar seu caixa.
No sentido negativo, a queda nos preços das ações – o que é comum – e a diluição dos acionistas atuais podem ser consequências desfavoráveis da oferta subsequente.
“Outro ponto que vale destacar é se o motivo do follow-on é plausível, pois este pode levantar dúvidas do mercado relacionadas à saúde financeira da companhia”, completou.