O que todo investidor olha e o que deveria olhar

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Uma proposição simples. “O que todo investidor olha e o que deveria olhar?”. A declaração é relevante porque há muita miopia entre os investidores menos experientes sobre o que é um bom investimento. Há ainda, por questões históricas no Brasil, o desejo por um tipo de investimento que não existe mais (1% ao mês ou mais, sem risco e com liquidez), característico dos chamados “órfãos do CDI”.

Isto posto, quero apresentar um conceito básico, mas importantíssimo. Ainda que contrapor “o que olha” e “o que deveria olhar” seja algo bastante genérico e que pode abarcar qualquer coisa, a ideia é trazer à reflexão um comportamento comum, porém limitante como investidor. Para não haver dúvidas, seguem minhas definições abaixo.

O que todo investidor olha” é o retorno de um ativo. Simplesmente é a parte boa da história, o famoso upside ou o retorno esperado do investimento. Ninguém precisa avisar um investidor de que é importante ele olhar ou considerar o potencial retorno. Isso é inato. Todo mundo olha para o lado bom (ou desejado) de uma história, estejamos falando de investimentos ou qualquer outro assunto.

O que todo investidor deveria olhar” é o lado ruim do potencial investimento, que tecnicamente chamamos de risco. Além disso, podemos colocar, de forma ampla, na categoria “ruim” as restrições do investimento, sendo a liquidez a principal delas. Logo, um investimento não se define apenas por seu lado bom, mas pelo conjunto do lado “bom” mais lado “ruim” (ou potencialmente “bom” e “ruim”).

Com isso, quero propor um conceito básico entre investidores avançados, mas que pode ser novidade para os menos experientes ou que não gastaram muito tempo para se educar financeiramente. Trata-se do tripé ao qual todo investimento está sujeito:

  1. Retorno – o retorno esperado de um investimento quando o investidor entra em um Perceba aqui que se fala de expectativa e não do retorno realizado, pois o ponto é que, no momento de investir, não se sabe exatamente o retorno para a maioria dos investimentos (i.e. renda variável, e até renda fixa), mas investe- se no ativo baseado em uma expectativa de qual será o retorno, a qual pode ou não se realizar;
  2. Risco – a flutuação de preços e a potencial perda (máxima) que o investidor pode esperar do ativo investido ao longo do período em que carregará tal ativo em sua carteira;
  3. Liquidez – a capacidade do investidor sair de (ou liquidar) o Normalmente é medido/expresso em D+ <número>, que significa em quantos dias ele consegue ter o dinheiro de volta a partir do momento da venda. Aqui claramente falo de ativos líquidos (D+ #), pois para ativos ilíquidos (ou pouco líquidos), nem sempre há previsão exata de dias a partir da decisão de venda do ativo para receber o seu valor em liquidez (ou dinheiro).

 

Todo investimento, sem exceção, pode ser medido por essas três variáveis e deve ser avaliado pelo investidor de acordo. Infelizmente, tivemos na história do mercado financeiro brasileiro o poder de escolher o melhor de todas as três variáveis. Quem não se lembra dos CDBs de grandes bancos que pagavam +1% a.m. (ou mais), sem risco (ou risco extremamente baixo, dada a segurança dos grandes bancos) e com liquidez muitas vezes diária? Isso gerou  uma geração de investidores mal-acostumados. E tudo nasceu de nossas deficiências macroeconômicas.

Graças a Deus, e abaixo dele, a nós mesmos, brasileiros, ao longo dos anos pudemos implementar e ver melhorias em nossa economia. Desde 1994, com o Plano Real (só para citar uma grande evolução – não cabe aqui fazer um tratado sobre macroeconomia brasileira), muitas das mazelas históricas foram domadas e controladas. Não é exagero dizer que, ainda que tenhamos muitos problemas estruturais, somos um país completamente diferente daquele pré- Plano Real; um país melhor, mais desenvolvido e cujos ativos tendem a ter um comportamento cada vez mais próximo do dos países desenvolvidos.

Assim, ainda que pontualmente hoje tenhamos uma Selic a 12,75% aa (ou 1,01% a.m.) e tendendo a cerca de 13% a 14% de topo de ciclo de aperto de juros, não teremos mais investimentos que paguem 1% a.m. (ou mais, sem risco e com liquidez) de forma constante e disponível no mercado. Esse +1% a.m. é resquício de um passado que existiu e não existirá mais, salvo momentos pontuais de correção de inflação mais alta, como agora. A expectativa de mercado indica que não teremos mais esses +1% a.m. a partir de 2023.

Se estou correto com essa previsão de que os +1% a.m., sem risco e com liquidez, é coisa  do passado, a decorrência natural e de suma importância é que os investidores precisam se preparar para atuar. O Brasil hoje já tem características que todo mercado desenvolvido tem: para se buscar mais retorno é necessário se tomar mais risco ou menos liquidez, ou ainda, uma  combinação das duas variáveis.

Portanto, investidores brasileiros, mais do que nunca, é importante que cada um aprenda e se eduque em como cada mercado de ativos funciona, para que se possa aproveitar as oportunidades quando elas aparecerem. Convido a todos a essa jornada de uma vida inteira que é a educação financeira e o conhecimento de como os investimentos funcionam.

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