O SVB e o Signature Bank acabaram de ser salvos pelo governo dos Estados Unidos?

FOTO: Peter Morgan / ASSOCIATED PRESS

Dois grandes bancos faliram em questão de dias. Os principais reguladores financeiros do governo americano intervieram no domingo. É esse o fim da história?

Aqui estão algumas perguntas e respostas para explicar a ação que foi tomada.

O que aconteceu com o Silicon Valley Bank (SVB) no domingo à noite?

Reguladores, incluindo o Federal Reserve, o Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) – Corporação Federal de Seguro de Depósito, em tradução livre, equivalente ao FGC americano – e o Departamento do Tesouro dos EUA, disseram que os depositantes do SVB, que faliu na semana passada, teriam acesso total ao seu dinheiro a partir de segunda-feira (13). 

Eles também disseram que protegeriam todos os depositantes de outro banco, o Signature Bank, forçado a fechar no domingo.

E quanto ao seguro federal de depósito?

Em muitos casos, os depósitos desses bancos não eram cobertos pelo seguro de depósito, o qual é familiar para muitos clientes bancários individuais. 

O seguro do FDIC geralmente se estende até US$ 250.000 para um depósito. Todavia, tanto o SVB quanto o Signature tinham a maior parte de seus depósitos em contas maiores que o valor, como contas corporativas. Então, eles estavam efetivamente sem seguro.

Essa é a natureza do modelo de negócio desses bancos. Muitos dos clientes do SVB eram empresas de tecnologia financiadas por empreendimentos. 

O Signature se concentrou em empresas privadas e, mais recentemente, em empresas de criptomoedas. O banco disse em seu relatório anual que, no final do ano passado, quase 90% de seus depósitos totais de US$ 88,6 bilhões não eram segurados pelo FDIC.

Todos os depósitos sem seguro agora estão cobertos por garantias do governo?

Não. Os reguladores disseram que estavam fazendo uma exceção para o SVB e o Signature. A ação do SVB foi tomada em consulta não apenas com muitos reguladores, mas também com o presidente Biden – indicando a natureza incomum de sua medida. 

O Signature foi protegido de forma semelhante, sob uma “exceção de risco sistêmico” para respaldar seus depósitos não segurados.

Este é um mecanismo que foi usado durante a crise financeira de 2008. 

Medidas como essa podem ser controversas, com alguns argumentando que isso cria o que é conhecido como “risco moral” – ao permitir que os bancos ou seus clientes saibam que o governo irá respaldá-los em uma crise, eles pensarão menos sobre os riscos.

Portanto, os reguladores podem ter que andar em uma corda bamba política: indicando força e determinação para impedir mais corridas bancárias, mas não parecendo estar concedendo um passe livre para os bancos.

Então isso é um resgate dos dois bancos?

Seus depositantes estão recebendo garantias especiais do governo. Os reguladores disseram que os acionistas e certos detentores de dívida dos dois bancos não seriam protegidos. 

Os reguladores também disseram que quaisquer perdas no Fundo de Seguro de Depósito para cobrir depósitos não segurados seriam recuperadas por uma avaliação especial cobrada dos bancos.

Isso significa que outros bancos ainda estão vulneráveis?

O Federal Reserve tomou outra ação no domingo, que foi estabelecer algo chamado Programa de Financiamento de Prazo Bancário. 

O que isso fará é garantir que um banco o qual esteja mantendo ativos seguros – como tesouros ou títulos hipotecários com garantia governamental – possa levá-los ao Fed e trocá-los por dinheiro por até um ano. 

Eles poderiam usar esse dinheiro para atender aos pedidos de dinheiro dos clientes. A ideia é ajudar os bancos que enfrentam problemas de liquidez semelhantes ao SVB a cumprir as exigências de resgate.

Não foram os ativos seguros que colocaram o SVB em apuros em primeiro lugar?

O problema que SVB – e outros, como Silvergate Capital Corp. – tiveram com seus títulos de investimento foi que o aumento das taxas de juros no ano passado reduziu o valor de mercado até mesmo de ativos seguros que quase certamente pagarão o dinheiro dos bancos, mas não imediatamente. 

Mas, se os bancos os vendessem agora para cobrir a saída de depósitos, eles não receberiam de volta o que pagaram por eles.

Este é um problema que não se concentra em apenas um ou dois bancos: o FDIC disse que, em todos os bancos, havia cerca de US$ 620 bilhões em perdas não realizadas no final do ano passado.

O Fed agora promete trocar esses títulos por dinheiro no valor nominal, isto é, os bancos não terão que perceber quaisquer perdas neles por enquanto.

Isso significa que podemos parar de nos preocupar com outros bancos entrando em falência?

Essa certamente será a esperança dos reguladores – que eles tenham interrompido as perdas para os depositantes dos dois bancos e possam evitar crises em outros.

Mas o pânico é uma emoção difícil de controlar, e os recentes acontecimentos sugerem que a confiança do cliente é o ativo mais seguro dos bancos.

 

(Tradução de The Wall Street Journal)

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