A Braskem [BRKM5] é o maior destaque positivo do pregão desta quinta-feira (09), subindo mais de 14%, mesmo após registrar o pior balanço da história da companhia, com prejuízo líquido de R$ 2,4 bilhões no 3T23, que representa aprofundamento de 135% das perdas em relação ao 3T22. O salto da ação acontece após a petroquímica receber nova proposta de aquisição.
Através de comunicado, a Braskem confirmou a proposta não vinculante da petrolífera árabe Adnoc pelo controle da empresa no valor de R$ 10,5 bilhões, ou R$ 37,29 por ação, se tornando dona das ações pertencentes à Novonor (antiga Odebrecht). Através da oferta, a Adnoc quer formar parceria com a Petrobras para que petroquímica avance no mercado internacional.
O aceite da nova oferta pode gerar melhora operacional, mas depende do prazo, de acordo com Júlio Borba, analista fundamentalista da Benndorf Research.
“No começo, a nova gestão pode enfrentar alguns desafios, mas depois, a Adnoc tende a ter uma governança melhor que Petrobras e Novonor e entregar resultados melhores”, afirma.
Análise Técnica
BRKM5 estava em tendência de baixa no gráfico diário e semanal, com um pivô de baixa completamente alinhado em termos de fluxo, volume e movimentação técnica, de acordo com o analista técnico Filipe Borges.
Ele destaca que, com o cisne negro – isto é, um evento inesperado, neste caso a proposta da Adnoc –, a ADR da Braskem chegou a bater mais de 30%, 25% de alta ontem (08).
O analista explica que BRKM5 teve um bom movimento de alta, em torno de 22%, porém, começou a realizar a partir do seu preço de abertura durante o pregão até esse momento. Dessa forma, a orientação de Borges aos comprados é colocar o stop em R$ 21,30 e aguardar os próximos dias.
“Isso porque, quando a gente olha um gráfico semanal, percebemos que o ativo está numa região de retração muito forte e pode voltar a cair nos próximos dias, independentemente da notícia nova”, argumenta.
Leitura do balanço
Na visão da XP Investimentos, a Braskem reportou um 3T23 fraco, mas muito em linha com o consenso e com a expectativa dos analistas.
A casa destaca que, mesmo assim, a empresa permanece com uma posição de caixa robusta, de US$ 3,4 bilhões, com uma dívida bruta de longo prazo de vencimento e baixo custo, 6,2% em dólar.
“Mantemos uma visão cautelosa para a Braskem e vemos riscos para aqueles posicionados no nome em razão da expectativa de direitos de tag along decorrentes de uma potencial M&A.”, acrescentam, ao manterem a recomendação neutra para BRKM5.
Segundo Júlio Borba, o que levou Braskem ao pior balanço da história da empresa foram spreads muito fracos, decorrentes da baixa demanda pelos produtos, enquanto os insumos se encarecem cada vez mais.
“Uma projeção de melhora para a companhia ainda não tem visibilidade, apenas se o setor quebrasse ou se acontecesse uma queda nos preços do petróleo e retomada forte da economia global”, conclui.