Em evento no stand da BRA BS/ na Expert, transmitido na última quinta-feira (04) pelo Youtube, a analista de mercados internacionais da XP Investimentos, Pietra Guerra, comentou sobre o mercado financeiro e de investimentos brasileiro. “Desde o começo do ano, […] inflação já era a palavra que preocupava na mente dos investidores. Só que essa palavra difícil de digerir só ganhou força ao longo desses sete, oito meses que a gente viveu”, afirma a analista.
Ela explica que isso não aconteceu de repente, e sim porque o Brasil já estava em uma situação inflacionária desde 2020 e 2021 por conta da pandemia. Graças à explosão da Covid-19, a inflação tomou conta do cenário econômico mundial levando a índices de preço com recordes de alta não somente por aqui, mas no mundo todo.
Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor alcançou marca jamais vista nos últimos 40 anos e na Zona do Euro o índice de preços ao consumidor também encontrou patamar há muito não registrado. No Brasil não foi diferente, todo cidadão sentiu no bolso o índice muito acima da meta do Banco Central.
Com a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro desse ano, as sanções europeias, os cortes de fornecimento de commodities e grãos e as dificuldades de escoamento dos produtos potencializaram esse cenário. A inflação levou o Fed a subir os juros, o que o Banco Central também vem fazendo há um tempo. “Essa alta para tentar conter a inflação pesou no bolso da população: preços altos e dinheiro menos acessível desaguam em recessão” como ocorreu nos EUA em julho, reiterou ela.
Quando o mercado começa a precificar uma recessão, as bolsas tendem à desvalorização. A inflação e os juros (que já são desfavoráveis para o mercado de bolsas) pesam nas empresas. “O que que é o mercado de bolsa? São as empresas. Se o cenário está mais desafiador para elas, isso vai refletir na geração de lucros e, consequentemente, no valor da bolsa, das ações”, esclarece Pietra.
Apesar de uma realidade aparentemente negativa para o mercado, ela afirma que sempre existem oportunidades lucrativas de investimentos. O mercado é cíclico, ele cai e ele volta”, disse.
A analista ainda disse que a queda da bolsa brasileira pode ser utilizada como uma janela de oportunidades, o que não significa que o índice passará a operar em alta. Para Pietra, não há como garantir que a bolsa não irá mais desvalorizar, pois existem alguns fatores de incerteza, como uma possível nova alta de juros do Fed, o futuro da inflação e a profundidade da recessão.
Ela relembra também que, segundo estudos estatísticos, a média em períodos de bear market, quando a bolsa cai mais de 20% desde o último topo – caso da B3, ela tende a ter uma queda de até 38%, mas que, mesmo em momentos como esse, um investimento bem posicionado gera lucros.
A analista da XP sugere investimento internacional como uma estruturação importante, garantindo uma carteira de longo prazo melhor sucedida, menos volátil e mais resiliente, além da diversificação e da exposição à uma moeda forte.
Pietra também complementa que há diferentes formas de investir, passando por estratégias de produtos e posicionamento de ações. Para quem está começando e não tem proximidade com o mercado, a analista indica ETF’s. “É uma solução que já agiliza muito a vida”, disse, “já vai lá e compra um ETF de bolsa americana, são super acessíveis e você já está diversificando em termos de setor”.
Exchange Traded Fund (ETF) é um fundo negociado em bolsa que representa uma comunhão de recursos destinados à aplicação em uma carteira de ações que busca retornos que correspondam, de forma geral, à performance, antes de taxas e despesas, de um índice de referência.
Além disso, ela também alerta sobre ETF’s temáticos, dando enfoque ao mercado de luxo. “A gente viu uma dicotomia muito grande. Empresas que vendem para a massa, que tem mais esse consumidor de dia a dia, sofreram bastante com a questão na inflação […], enquanto o mercado de luxo está mais protegido. É um mercado que foca na alta renda, porque é um consumidor que está mais blindado de um cenário econômico desafiador. Junto [disso as] empresas tem nomes muito famosos. Elas tem poder de marca”, explicou.
Assista ao bate-papo na íntegra: