O IPCA é só a ponta do iceberg na análise de inflação pelo Banco Central. E é por isso que, mesmo que o principal índice de preços do país mostre abrandamento, a autarquia segue reticente quanto a novos cortes de juros.
Tal se dá porque a pressão inflacionária não se mede apenas pelos preços correntes. As expectativas de inflação também têm forte peso, dado seu impacto direto na inflação futura.
É difícil explicar a dinâmica das projeções. “Inflação é um dos temas menos entendidos da economia”, admite Beto, e o impacto da expectativa na inflação corrente “é um mistério ainda maior”.
Isso porque a inflação futura não depende apenas dos movimentos de mercado registrados no Boletim Focus, um compilado semanal de estimativas, e na curva de juros, registro dos contratos negociados no mercado, mas também das reações e preferências das famílias e empresários ao cenário econômico.
Há um elemento crucial no mapeamento das projeções. A partir da subtração do rendimento de um título de renda fixa prefixada – cujos rendimentos são fixos ao longo do tempo – pelo rendimento de um título atrelado à inflação obtém-se a chamada inflação implícita. Esta, por sua vez, sobe a cada semana.
Em resumo, “a inflação aumenta porque todos esperam que ela aumente”, concluiu Beto.