O cenário econômico brasileiro está sob os holofotes, com um novo relatório do JP Morgan destacando tanto desafios externos quanto dinâmicas internas. As recentes tarifas anunciadas pelos Estados Unidos e a desaceleração da atividade econômica são pontos-chave que moldam as perspectivas do país, enquanto o Banco Central e o Congresso seguem com suas agendas.
O clamor das tarifas americanas: impacto e incertezas
Uma das principais preocupações apontadas pelo JP Morgan é a imposição de uma tarifa de 50% pelos EUA sobre produtos brasileiros. Embora o comércio entre os dois países represente apenas 2% do PIB do Brasil (com metade sendo commodities), o banco alerta que essa medida poderia impactar o crescimento do PIB brasileiro em 0,6% a 0,9%.
Apesar do alerta, o JP Morgan mantém suas projeções macroeconômicas inalteradas por enquanto. A justificativa reside no ceticismo do banco quanto à implementação efetiva de tarifas tão elevadas, citando experiências anteriores de outros países em guerras comerciais.
Além dos efeitos econômicos diretos, o relatório destaca as implicações políticas internas da medida. O anúncio da tarifa intensificou as tensões políticas domésticas, com a administração dos EUA enfatizando a situação legal do ex-presidente Bolsonaro e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Atividade econômica em desaceleração: dados reforçam previsões
Os dados mais recentes da economia brasileira reforçam o cenário de perda de fôlego. A produção industrial recuou, as vendas no varejo subiram modestos 0,3% em maio (após uma queda significativa de 2% em abril), e o setor de serviços cresceu apenas 0,1% no mês.
Essa tendência de desaceleração está em linha com as projeções do JP Morgan. O “nowcast” para o PIB do segundo trimestre de 2025 caiu para 2,8% (em taxa anualizada), aproximando-se da projeção do banco de 2,2%. Essa conjuntura de dados corrobora a expectativa de um segundo semestre de 2025 mais fraco.
Política monetária e inflação: sinal verde para o BC?
Com a desaceleração da atividade econômica, o JP Morgan continua prevendo que o Banco Central do Brasil (BCB) poderá voltar a cortar juros até o final de 2025. No entanto, a incerteza gerada pelas tarifas dos EUA introduz um elemento de cautela que pode atrasar esse movimento.
Em relação à inflação, o relatório observa que ela tem caminhado conforme o esperado, sem pressões significativas que exijam mudanças na atual política monetária no curto prazo. A desaceleração dos preços no atacado e os dados de CPI de junho sugerem que o pior da inflação já passou, embora ela deva permanecer em um patamar relativamente alto por um tempo.
Cenário político e fiscal: reformas e debates no Congresso
No âmbito político e fiscal, o relatório destaca as movimentações recentes no Congresso Nacional. Houve um avanço no projeto que visa reduzir subsídios fiscais, e uma proposta que pode elevar o gasto com precatórios em 0,1% do PIB está sendo considerada. Ambas as medidas não fazem parte do cenário base do JP Morgan.
Paralelamente, o relator Arthur Lira apresentou sua proposta para a reforma do Imposto de Renda (PL 1.087). Dada a consistência do texto com versões anteriores e os dados limitados de novidades, o JP Morgan ainda espera a aprovação dessa reforma pelo Congresso até o final de 2025.
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