Pão de Açúcar (PCAR3): Benndorf e Eleven esperam números mistos no 2T22; ações caem 7%

As ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) lideraram as quedas do Ibovespa no pregão desta segunda-feira (25), após o JP Morgan rebaixar a recomendação do ativo de “overweight” – equivalente à compra – para “neutra”. O banco também reduziu o preço-alvo dos ativos, dos R$ 37 esperados para dezembro deste ano para R$ 21 no fim de 2023, um potencial de 24% de alta ante o último fechamento.

A revisão do JP Morgan para PCAR3 contrastou com a elevação dos preços-alvo para Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3) pelo banco no mesmo dia. Os analistas responsáveis pela mudança destacaram que o GPA está em turnaround – isto é, em reformulação – há muitos anos, e que as operações da empresa foram centralizadas na marca premium Pão de Açúcar após a venda dos hipermercados Extra. “Todos os ovos foram colocados em uma só cesta”, comentaram Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Guilherme Adami Vilela.

Também compartilham visão “neutra” para PCAR3 Goldman Sachs, Credit Suisse e outras instituições, conforme o compilado da Bloomberg. Paralelamente, a Eleven Financial recomenda “compra” dos papéis, com preço-alvo de R$ 28 para o final de 2022. O analista Guilherme Domingues explica que as ações este ano refletem o momento de transição operacional – o desinvestimento nos hipermercados e drogarias no Brasil.

Recomendações de PCAR3 em 25 de julho de 2022. [Fonte: Bloomberg]
“O mercado está observando o quanto a companhia vem sendo impactada em termos de rentabilidade com a descontinuidade da operação no curto prazo e o qual será o novo patamar de margens a partir do maior foco no modelo de proximidade”, afirma.

Concomitantemente, as projeções do JP Morgan sinalizam o impacto negativo contínuo dos atacarejos sobre os supermercados comuns, especialmente em meio à alta da inflação, e ressaltam o peso das operações do Grupo Pão de Açúcar na Colômbia, através da marca Almacenes Éxito.

“Agora, nossa visibilidade em uma transação potencial no Éxito é menor na margem dada o atual sentimento de ‘risco’ no mercado; provável ambiente político volátil na Colômbia após as eleições. E, mais importante, vemos o Éxito enfrentando tendências de desaceleração de crescimento e margens mais fracas no segundo semestre de 2022, provavelmente com baixo desempenho da inflação devido aos altos comparativos”, conclui o banco.

O GPA divulga o balanço trimestral na próxima quarta-feira (25), após o fechamento do mercado. A venda dos hipermercados Extra também é ponto focal da tese da Benndorf Research para a companhia. “Apesar de esperar um bom crescimento do Éxito, ainda vejo a inflação prejudicando demanda e também as margens. Além disso, a companhia passa por um momento importante de transição após a venda do Extra para o Assaí”, diz a analista Victoria Minnato.

A Eleven também prevê números mistos para a empresa, com expectativa neutra. “Ainda em um momento de transição, esperamos um resultado com recuperação de rentabilidade trimestral”. Guilherme Domingues ressalta um arrefecimento da inflação como necessário para benefício do setor de varejo como um todo.

Para o fim do ano, o analista estima um EV/EBITDA de 4,4x, abaixo da média do setor de 7x. “Entendemos que o múltiplo da companhia foi penalizado com a venda da operação de hipermercados; entretanto vemos um desconto excessivo quando comparado aos pares do setor”, explica. Ele acredita que o GPA precisa destravar mais valor, através da venda de alguns ativos, para o preço das ações no gráfico subir.

O papel encerrou a sessão de hoje desvalorizado em 7%. De acordo com o analista técnico Filipe Borges, da Benndorf, “a ação segue em tendência de baixa, com estrutura de pivot de baixa e alvos projetados em R$ 14,40 e, o principal, R$ 13,62”. O volume de negociações reforça a análise e aumenta a probabilidade de queda do papel.

Gráfico semanal de PCAR3 em 25 de julho de 2022. [Fonte: Filipe Borges]
Para Guilherme, da Eleven, o preço não reflete o valor justo de PCAR3. “Vemos um descolamento, visto a dúvida que o mercado está tendo sobre a capacidade de execução operacional do novo modelo operacional da companhia”.

Fundado em 1948, em São Paulo, o Grupo Pão de Açúcar estreou na bolsa brasileira na década de 1990. Atualmente, a companhia integra o segmento Novo Mercado, o mais alto nível de governança corporativa da B3. O GPA pertence ao francês Grupo Casino e tem operações no Brasil, Colômbia, Uruguai e Argentina.

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