Crescimento em meio a juros elevados e uma tecnologia nova e avassaladora marcaram o ano das “The Magnificent Seven”
As big techs reinaram nos Estados Unidos em 2023. As chamadas “The Magnificent Seven”, Alphabet – controladora do Google –, Apple, Amazon, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, formam sete das empresas mais valiosas do país e são as maiores no ramo da tecnologia.
Elas também foram os ganhos mais expressivos do mercado americano em 2023.
“Acabou não acontecendo a recessão [nos EUA] prevista pelo mercado e, consequentemente, o crescimento econômico americano veio muito mais forte do que o previsto e a inflação também começou a entrar num controle muito mais rápido do que o próprio mercado imaginava.”
Luiz Novaes, analista da Terra Investimentos, também menciona a eficiência operacional destas companhias, além da resiliência apresentada por tecnologias já consagradas, mesmo com a tendência de desaceleração nos últimos anos.
No entanto, nenhum desses fatores foi tão forte quanto uma tecnologia que tomou os holofotes em 2023: a inteligência artificial.
O milagre da IA
O lançamento do ChatGPT pela OpenAI em novembro do ano passado anunciava o que muitos já esperavam: é o tempo da inteligência artificial. Entre projeções apocalípticas daqui e previsões otimistas dali, as “Magnificent Seven” viram surgir novas demandas para aproveitar o potencial desta nova tecnologia, aponta Cauê Mançanares, CEO da Investo.
Sobre a duração do boom da IA, Mançanares citou que especialistas indicam que a tecnologia é “uma revolução que está só começando”. Nobile afirma que o mercado de inteligência artificial é “muito mais do que trilionário” e deve seguir expandindo a produtividade de diversos setores, não só da tecnologia.
“A gente acha que realmente veio para ficar e é um poder de transformação muito similar ou até maior do que foi a própria internet”, comparou.
No entanto, Mançanares afirmou que é impossível ter uma previsão certeira sobre o desempenho das big techs para o próximo ano, ainda que a IA siga sua trajetória de sucesso. De acordo com o analista, a história ensina: no final do ano passado, todas as manchetes apontavam para o “fim das big techs”, mas em 2023 as companhias surpreenderam. O mesmo pode acontecer na transição entre 2023 e 2024.
A queridinha
Entre as sete principais big techs americanas, uma definitivamente se destacou: a Nvidia. A companhia liderou os ganhos do setor e saltou de US$ 143,15, no primeiro pregão do ano, para impressionantes US$ 496,04, valor que tinha em seu fechamento na véspera (19).
A empresa aproveitou sua liderança dentro do setor de hardware e software para data centers e, além de aumentar suas vendas, conseguiu ditar os preços no mercado, disse Mançanares.
Os LLM são modelos de aprendizado de máquina (machine learning) treinados para aprender por meio de bases de dados públicos, e são utilizados pelas principais ferramentas de IA de conversação, como o ChatGPT e o Bard, do Google.
“Não à toa as ações subiram mais de 200% e a gente acha ainda que tem bastante espaço para crescimento”, afirmou.
O patinho feio
Ao serem perguntados qual das “Magnificent Seven” poderia estar perdendo protagonismo, a resposta foi unânime: a Alphabet. Segundo Novaes, a controladora do Google pode ter perdido o tiro de largada na corrida da IA e não foi capaz de emplacar uma novidade que atraísse o mercado, mostrando-se cautelosa em relação a aquisições deste tipo.
“A Microsoft, por exemplo, vendo o sucesso da OpenAI com o ChatGPT, buscou ampliar sua parceria com a empresa e se manter à frente dos competidores”, exemplificou.
Para os investidores
Grande parte das projeções para o desempenho das big techs no ano que vem está atrelada à trajetória da política monetária do Federal Reserve (Fed). Muitos investidores já precificam o início dos cortes para maio.
Para Bruna Allemann, head de mercado internacional da Nomos, ainda que os cortes cheguem, o ciclo deve ser feito de forma lenta e gradual pelo Fed – como vem sendo feito no Brasil –, o que deve trazer maior estabilidade às praças americanas, o que inclui as big techs.
“Isso porque movimentos mais previsíveis e moderados nos juros permitem que as empresas e os investidores planejem com mais eficácia, reduzindo a incerteza e a volatilidade”, explicou
Ela também ressalta que um ciclo mais lento de corte pode representar uma oportunidade para as big techs financiarem seus projetos e expansões a custos mais baixos, mas alerta que o impacto pode ser menos imediato, em comparação ao que ocorre com cortes mais rápidos e significativos.
No entanto, ela alerta que os ganhos do setor de tecnologia americano pode não oferecer ganhos tão imediatos no próximo ano quanto em 2023, porém devem compor a carteira de quem visa o longo prazo.
“É importante que os investidores monitorem o mercado e estejam prontos para fazer ajustes em seus portfólios. A volatilidade pode surgir, e estar preparado para reagir a mudanças no mercado é crucial para o sucesso do investimento a longo prazo.”
Ela sugere aos brasileiros diversificar seu portfólio, além de analisar os riscos e retorno da operação, avaliando seu apetite por risco e um exame profundo das empresas que pretendem investir. A analista também menciona a importância de acompanhar o cenário econômico mundial.
“Manter-se informado sobre as tendências globais e os movimentos do mercado financeiro, especialmente as políticas do Fed, pois isso pode influenciar diretamente o desempenho dessas ações”, afirmou.
“Qualquer mudança pode alterar este cenário.”