PETZ3 interrompe sequência de cinco quedas; concorrência é pulga no plano de expansão

A valorização superior a 2,5% da Petz [PETZ3] nesta quinta-feira (19) interrompe uma sequência de cinco quedas seguidas – e não é a primeira. Com 26% de queda no ano, a ação da varejista renovou ontem mínima histórica de fechamento, cotada a R$ 3,72.

PETZ3 caminha para o terceiro ano seguido de desvalorização. Depois do ano do IPO – 2020, quando subiu 39% –, o papel nunca mais viu uma valorização anual. Ainda assim, a companhia, se mantém no gosto dos especialistas, apesar dos quase 12% de queda em 2021 e dos 60% do ano passado.

Há três anos que recomendações de compra são maioria absoluta entre as casas de análise catalogadas pela Bloomberg. O Morgan Stanley é um dos únicos céticos quanto à Petz, com recomendação neutra para a companhia em quase todo esse período.

Painel de recomendações de PETZ3 em 18 de outubro de 2023. [Fonte: Bloomberg]

Desafios da concorrência

O mercado de pet shops, apesar de grande, tem característica de forte fragmentação, o que traduz em concorrência acirrada.

O segmento de e-commerce é o mais concorrido, frisa o estrategista de ações da Nomos Investimentos, Max Bohm. “Hoje você encontra ração na Amazon, no Mercado Livre, mais em conta do que você tem na Petz”, exemplifica.

Na atual conjuntura competitiva, a empresa tem sofrido com a rentabilidade, dada a atuação com objetivo de defender sua posição de liderança, acrescenta Niels Tahara, analista de varejo da Eleven.

Programas como o “Pesquise lá, Compre Aqui”, no qual a Petz cobre a oferta de concorrentes, reforçam o posicionamento da empresa para não perder clientes por conta da precificação.

Adicionalmente, o contexto macroeconômico tem dificultado a integração das principais adquiridas da varejista.

A Zee.Dog, comprada no segundo semestre de 2021, é a mais prejudicada, aponta Carol Sanchez, analista de varejo da Levante, devido à não essencialidade dos produtos aliada a um poder de compra enxuto no ambiente de inflação elevada de itens essenciais.

A analista pontua que o aumento da penetração da Petix e da Zee.Dog Kitchen é detrator da margem bruta da Petz, visto a entrega de rentabilidade bruta inferior ao atual patamar desta última. Carol projeta que o crescimento do digital continuar pressionando a rentabilidade da companhia.

“Apesar disso, esperamos que as empresas adquiridas atinjam o breakeven nos próximos trimestres, ganhando mais força posteriormente e finalmente impactando positivamente a margem operacional da Petz.”

Vai rolar fusão?

Em agosto, o mercado repercutiu notícias sobre uma potencial fusão da Petz com a Cobasi. Especulações quanto a fusões e aquisições são comuns em um nicho difícil do varejo como o de pet shops, pondera Max Bohm.

Trata-se de um mercado concentrado, com Petz, Cobasi e Petlove disputando a liderança – cada uma com cerca de 8% de market share. “Num ambiente mais difícil, é normal que essas empresas conversem para ver se faz sentido uma fusão.”

O especialista vê probabilidade de uma eventual fusão entre duas dessas três principais, ainda que não entre Petz e Cobasi. Carol Sanchez adianta que vê pouca viabilidade de combinação de negócios entre as duas.

Apesar de a Cobasi operar em um modelo de negócios bastante similar ao da Petz, com faturamento também bem parecido, questões de governança reduzem as chances de fusão. A família Nassar, controladora da Cobasi, não abre mão de uma posição majoritária, assim como Sergio Zimmerman – fundador, CEO e maior investidor individual da Petz.

“Nesse sentido, a Petz dá preferência por aquisições menores que empresas de porte similar, como Cobasi e Petlove, focando mais na verticalização dos serviços.”

Em concordância, Niels descreve as aquisições anteriores da Petz como para fins de aumento do portfólio de produtos e serviços, com objetivo de fortalecer o ecossistema de operações, capturar sinergias e abrir novas avenidas de crescimento.

Gestão interna

Além das negociações com outras empresas, a Petz fez movimentos de contratação de executivos para áreas focadas na melhora do relacionamento com o cliente e abertura de novas fontes de receita – como veterinária, consultoria e plano de saúde.

Em 2022, a empresa contratou Massanori Shibata, ex-Intermédica, para cuidar da filial de serviços da Petz, a qual engloba medicina veterinária, higiene, estética e adestramento.

“O desafio de Massanori está sendo integrar as atividades da Seres (que envolve o plano de saúde pet em andamento), centro de estética, Cão Cidadão e todos os demais serviços que forem criados no ecossistema da companhia”, diz Carol Sanchez.

As contratações reforçam o foco da Petz em seu plano de expansão, ampliando a liderança da empresa no setor, frisou Niels.

 

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