A Eletrobras [ELET6] realizou ontem (12) seu Investor Day, evento em que a alta administração da empresa se reúne com seus principais acionistas para discutir sobre os objetivos e os planos estratégicos da empresa para os próximos anos. É o primeiro da companhia após a privatização.
De acordo com relatório da Eleven Financial, parte significativa dos investidores estava insatisfeita com a velocidade em que o turnaround – isto é, o processo de reformulação pós-desestatização – da elétrica vinha sendo feito.
No evento, os executivos da Eletrobras esclareceram que os ajustes a serem feitos em uma empresa desse porte demandam tempo.
Um dos principais temas em debate foi o de alocação de capital. De acordo com a Eleven, a empresa se mostrou compromissada com os retornos mínimos exigidos a ela, especialmente após ganhar um dos lotes em leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A casa de análise apontou que mais dois leilões ocorrerão até 2024, com R$ 35 bilhões de despesa de capital (capex) previstos, o que poderia ser uma ótima oportunidade para a empresa.
Outro alvo de alocação de capital da Eletrobras é o mercado de energia renovável, como afirmou a XP.
O relatório da corretora mostrou que, no evento, a empresa reforçou o compromisso de realizar fusões e aquisições estratégicas e crescimento orgânico sem aumentar as emissões de gases de efeito estufa.
Hidrogênio verde
Dentro do tema de energia limpa, uma das principais discussões foi o hidrogênio verde, no qual, segundo o relatório da Eleven, é visto um grande potencial de crescimento para os próximos anos e que a Eletrobras parece estar muito bem posicionada.
A XP informou que, no Investor Day, o hidrogênio verde foi mencionado como “uma esperança”, com uma demanda em crescimento e investimentos globais que podem impulsionar a expansão da capacidade instalada pela companhia.
“O hidrogênio verde, ao ser produzido por eletrólise (método amplamente dependente de energia renovável), possui sua escalabilidade relacionada ao fornecimento de energia a preços competitivos (cerca de US$ 35/MW), o que, segundo o CEO, a Eletrobras pode oferecer”, declarou a corretora em relatório.
Impulsionando a governança
O atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, exaltou a formação do Conselho de Administração, destacando os anos de experiência dos nove membros e a abordagem mais prática que vem sendo adotada pela companhia, de acordo com o relatório da XP.
A corretora elogiou a transformação da empresa para corporation, com uma estrutura de governança mais simples e votos limitados a 10% para os acionistas.
Recomendação para ELET6
A Eleven reiterou a recomendação de compra para o ativo, com preço-alvo em R$ 79,00. Por outro lado, a casa de análise afirmou estar trabalhando para atualizar o relatório do papel e deve postá-lo nas próximas semanas.
O analista gráfico da Benndorf Research Filipe Borges compartilhou sua visão técnica sobre o ativo e explicou que ELET6 segue em movimento de alta, passando por um momento de consolidação no curto prazo e leve realização de lucros, depois que atingiu o topo em R$ 45,50.
Por outro lado, o especialista enxerga que, se a ação se mantiver entre R$ 41,90 e R$ 41,00, ela pode corrigir a queda de forma simétrica para novo movimento de alta, então ele ainda se vê comprador de ELET6.
“Manteria em carteira e deixaria um stop nesse papel abaixo de R$ 39,60.”
Caso haja rompimento dos R$ 45,50, Filipe afirmou que seguiria comprado, com alvos entre R$ 50,50 e R$ 53,80.
Em relação às outras ações da Eletrobras, Filipe afirmou que ELET3 – ação ordinária da empresa – é a que possui maior liquidez, sendo quatro vezes mais líquida que ELET6.