Por que a crise das criptos é puro comportamento humano

Por que a crise das criptos é puro comportamento humano

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Nos últimos 14 anos, as criptomoedas têm sido uma forma espetacular de demonstrar para o mundo que a formação de preços dos ativos não está atrelada diretamente a nenhum fator racional, mas sim a fatores comportamentais.

As narrativas se alteram à medida que os preços mudam para se adequar ao comportamento, enquanto tentamos racionalizar o que já aconteceu. O Bitcoin (BTC), como a criptomoeda mais antiga, tem uma história com essas características.

Ele já foi categorizado como o ouro digital por conta de sua escassez e, por muito tempo, teve seu comportamento de preço muito similar a isso. A retórica era de que ele era tão escasso como o ouro, mas guardava características muito mais adequadas aos tempos atuais, como fácil estocagem, transporte e emissão realmente finita.

Nos últimos tempos, no entanto, a retórica mudou e passou a chamar o Bitcoin de um ativo de risco, perdendo quase totalmente sua correlação com o ouro, e fazendo subir consideravelmente a correlação com a bolsa americana.

Ou seja, até no caso do Bitcoin, conseguimos ver o fator comportamental como o principal driver de preços, com a retórica vindo a reboque para explicar.

Em outros seguimentos, isso fica ainda mais marcante.

A ganância, associada ao dinheiro farto dos últimos anos por conta das taxas de juros baixas, fez com que muitos investidores ignorassem fatores que racionalmente não deveriam ser ignorados.

O primeiro exemplo foi a reflexividade inerente ao modelo da LUNA-UST, que ficou dormente durante muito tempo, levou muitos a acreditarem nos 20% anuais de rentabilidade prometidos pela plataforma Anchor, e veio a ruir em meados de maio, evaporando mais de US$ 60 bilhões.

Hoje, temos uma lista de stablecoins (Neutrino, USDD, entre outras) com modelos semelhantes e que estão tentando de adequar para não cair no mesmo alçapão. Sem contar as inúmeras suspeitas em relação à maior stablecoin de todas, o Tether (USDT), que até o momento tem feito um bom trabalho para demonstrar que tem reservas suficientemente líquidas para cumprir com sua paridade com o dólar.

Mais recentemente, tivemos os casos da exchange centralizada Celsius, que também prometia rentabilidades elevadas com liquidez imediata, e que teve que suspender saques. O hack de alguns protocolos em que eles estavam investidos, associado a investimentos em ativos com menor liquidez, levantam a dúvida se aqui temos somente um problema de liquidez ou um caso de insolvência.

O último nessa linha do tempo é o caso de um dos maiores hedge funds de cripto, o Three Arrows Capital, que tem tido posições liquidadas por não conseguir cumprir com as chamadas adicionais de margem. Muita alavancagem parece estar no cerne da grande rentabilidade dos últimos tempos.

Se os mecanismos de liquidação, seja de DeFi ou das exchanges centralizadas, funcionarem como planejado, as perdas desse hedge fund devem se limitar ao patrimônio líquido dos seus fundos. Essa é uma das características importantes das alavancagens de cripto. Todas as posições são automaticamente liquidadas caso haja uma falta de colateral, o que limita o impacto ao valor do colateral.

Alavancagem esteve no centro de muitas crises financeiras, inclusive da de 2008, e muita regulação foi colocada nesse mercado para tentar conter isso. Em cripto não temos isso, e daí esse comportamento humano de ignorar os riscos e ir atrás de ganhos infinitos se demonstra em sua plenitude.

Outro caso pouco racional de cripto é o Staked ETH e o ETH terem o mesmo valor de mercado. O primeiro é uma representação de um depósito a prazo, como se fosse um título pós-fixado (LFT, por exemplo), e o segundo é o ativo, como a moeda brasileira.

Isso ignora o princípio de valor do dinheiro no tempo. E com um agravante: o “vencimento” desse Staked ETH é incerto, pois depende implementação do Ethereum 2.0, que se espera que seja feito nos próximos trimestres, mas que é continuamente adiado.

Em um momento de maior crise com uma corrida por liquidez imediata, como fica tudo isso?

O Warren Buffet tem uma frase que representa muito o mercado atual: “Só sabemos quem está pelado quando a maré baixa”. Isso é o que estamos vendo agora.

Estamos perto do fim? Ninguém sabe. A maré pode baixar ainda mais e descobrirmos mais casos.

Para mim, a verdade é que temos em cripto um experimento vivo do comportamento humano em preços de ativos e com pouca interferência. Isso é muito bom visto por esse ângulo, já que é algo que todos que estamos operando nesse mercado temos que ter consciência, fazendo com que os ciclos sejam exagerados para os dois lados.

A tecnologia e as mudanças que cripto trarão para nossa sociedade não mudam. Elas seguem sua trajetória e os preços dos ativos criptos devem refletir isso no longo prazo. Mas, no curto prazo, os preços não fogem de demonstrar que fatores comportamentais afetam muito mais do que fatores racionais.

Be safe.

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Gustavo Cunha
Sócio da gestora de ativos digitais Resetfunds, e do portal de educação Fintrender. Profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro brasileiro, foi ex-diretor do Rabobank Brasil, e está há mais de 5 anos no mercado cripto. Escreve sobre inovação e os impactos dela no mercado financeiro (essencialmente Blockchain, criptomoedas e Fintechs). É um experiente palestrante que concilia prática e teoria nos seus estudos para o doutorado (PHD) na Universidade do Porto (Portugal)

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