A Braskem [BRKM5] valorizou 36,76% da última sexta-feira (05) até ontem (09), após rumores sobre uma possível venda da empresa do setor petroquímico brasileiro, para uma petrolífera árabe.
As ações da companhia chegaram a subir cerca de 29,14%, a R$ 24,82, no pregão da última sexta-feira (07). O movimento ocorreu em meio a notícias de que a petrolífera Adnoc, dos Emirados Árabes Unidos, estaria se unindo à gestora americana Apollo para fazer uma oferta pela petroquímica brasileira.

O analista fundamentalista da Benndorf Research Júlio Borba explicou ser normal a crescente das ações da companhia nos últimos pregões. Quando aumentam as expectativas de venda com alguma notícia concreta, ou até mesmo boatos, a ação naturalmente tende a subir, afirmou Júlio.
A proposta da companhia árabe, em R$ 47 por ação, é 56,26% superior ao atual preço de tela equivalente a R$ 26,44. Ou seja, caso a venda efetivamente ocorra, em tese, o mercado deveria levar as ações de BRKM5 a este valor.
Inicialmente a Braskem negou a informação em documento oficial, mas pela manhã da última terça-feira (09), informou que a Novonor enviou um novo comunicado confirmando ter uma proposta para a aquisição da participação.
“Informamos que, após nossa última mensagem a V. Sas., recebemos uma proposta, não vinculante, a qual será avaliada em conjunto com as demais partes interessadas. Manteremos V. Sas. informadas caso haja qualquer evolução material sobre o tema.” afirmou administração da companhia.
Proposta antiga anima o mercado
Uma possível proposta de venda reverbera no mercado desde que a antiga Odebrecht passava por dificuldades. A primeira proposta ocorreu em 2019, e desde então já foi reverberado ao menos quatro vezes que empresas teriam interesse em adquirir a Braskem.
A negociação do bloco de controle da petroquímica não aconteceu até agora devido a alguns obstáculos, de acordo com o analista da Levante João Abdouni.
Segundo o profissional, existem questões com os credores da empresa que podem dificultar a conclusão do acordo. Além disso, a Petrobras, que é sócia da Braskem, pode tentar impedir a troca do bloco de controle.
Outro fator que prejudica a negociação é um problema ambiental grave em Maceió, que deve gerar um desembolso de caixa de aproximadamente 6 bilhões de reais para a empresa nos próximos anos. “Isso faz com que o setor público também possa barrar as negociações”, esclarece o analista.
Diante desses desafios, a transação se prolonga mais do que o previsto. “A conclusão da negociação não é tão simples assim”, concluiu o especialista.
Investir em BRKM5: vale a pena considerar?
A Braskem é uma petroquímica que atua em um setor cíclico. Sendo assim, de acordo com o analista da Levante, o mercado se encontra em um ponto de baixa dos spreads petroquímicos, o que faz com que a companhia esteja em um momento de resultados mais fracos.
Apesar do período, as perspectivas para a empresa no longo prazo são boas, uma vez que seu produto é altamente demandado, e ela consegue praticar preço de paridade internacional no Brasil por ser a grande líder do setor.
“Apesar das dificuldades de curto prazo, acreditamos que a empresa deve entregar bons retornos aos seus acionistas ao longo do tempo”, declarou João Abdouni.
A visão especialista da Benndorf também é otimista, afinal, o balanço do 1T23 no geral mostrou que a lucratividade da empresa deve melhorar daqui pra frente.
No 4T22 a companhia chegou a reportar margem bruta negativa, dado os spreads químicos muito baixos, mas “agora, com a leve melhora da demanda, se espera que os resultados voltem a melhorar gradualmente”, disse Júlio.
Setor petroquímico tem mais capacidade do que demanda
O setor petroquímico brasileiro registrou um recente aumento de oferta, o que resultou em uma situação na qual a capacidade de produção é maior do que a demanda atual do mercado. Segundo a Levante, no curto prazo, não há projeção de grandes alterações nesse cenário.
No entanto, no longo prazo, a situação pode ser revertida com o aumento da capacidade produtiva, e a Braskem tem a possibilidade de se tornar ainda mais capitalizada e ter uma dívida líquida mais confortável.
Para a casa de análises, a expectativa é que a empresa continue a expandir seus negócios e a consolidar sua posição no mercado petroquímico global, aproveitando sua expertise e seus recursos para oferecer produtos de alta qualidade e competitivos.