Por que combater a desigualdade social não é a solução para a miséria?

Por Lucas Fernandes

 

A desigualdade social é frequentemente apontada como um dos grandes problemas a serem resolvidos nas sociedades contemporâneas. No entanto, é importante compreender que ela não é a causa da miséria. Combater a desigualdade, não garante, em nenhuma hipótese, que a miséria será erradicada.

A desigualdade social se refere à diferença na distribuição de recursos, renda, educação e acesso a oportunidades dentro de uma sociedade. Por outro lado, a miséria é um estado de privação extrema, onde indivíduos carecem de condições básicas para viver dignamente, como alimentação, moradia e saúde.

É possível haver desigualdade em sociedades onde a pobreza extrema é mínima ou inexistente. Por exemplo, países com alto nível de desigualdade, como os Estados Unidos, têm uma proporção muito menor de pessoas em miséria absoluta do que países menos desiguais, mas mais pobres. Isso ocorre porque a questão da miséria está relacionada ao acesso a recursos mínimos do que à diferença entre ricos e pobres. Um dos grandes problemas da falácia do combate a desigualdade social, é o contínuo fomento na briga de classes: ricos vs pobres, empresário vs empregado e etc.

Muitas vezes, programas focados na desigualdade acabam beneficiando mais as classes médias e trabalhadores de baixa renda, sem necessariamente alcançar os grupos mais vulneráveis, como moradores de rua ou populações rurais isoladas.

Crescimento econômico e redução da miséria estão profundamente interligados. A experiência de países como a China e a Índia mostra que a expansão econômica, acompanhada de políticas voltadas para os mais pobres, pode tirar milhões de pessoas da miséria, mesmo em contextos de desigualdade crescente.

Quando a economia cresce, novas oportunidades são criadas, e as condições de vida da população mais pobre podem melhorar significativamente, mesmo que a desigualdade relativa aumente. O foco em criar empregos, melhorar a produtividade e aumentar o acesso a mercados muitas vezes tem um impacto mais direto na redução da pobreza extrema do que iniciativas focadas exclusivamente na redistribuição de renda.

Vamos a um exemplo prático. Se um rico ficar menos rico, consequentemente um pobre ficará menos pobre? NÃO. Não existe uma relação direta ou indireta onde a pobreza e a miséria diminuem na mesma proporção que um rico fica menos rico, ou que a desigualdade entre eles diminua. Uma pessoa rica pode falir, perder tudo, que uma pessoa em situação de miserabilidade não sairá dela simplesmente porque a desigualdade dessa pessoa rica em relação a ela ficou menor. Temos vários exemplos de bilionários que perderem tudo, e essa redução do tamanho da desigualdade social desse bilionário para com uma pessoa pobre, fez com que a pessoa pobre deixasse de ser pobre?

Combater a desigualdade social não deve ser confundida com o combate à miséria extrema. A miséria é uma questão de sobrevivência básica e exige ações práticas e direcionadas. Reduzir a desigualdade não substitui a necessidade de políticas específicas voltadas para os mais vulneráveis. Assim, é essencial priorizar soluções que abordem diretamente as causas da miséria, como a falta de recursos essenciais, garantindo que ninguém seja deixado para trás. Não devemos combater a desigualdade, devemos combater a miséria e a pobreza.

 

O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

Sair da versão mobile