Follow-on bilionário da empresa aliviaria a alavancagem, mas diluição pode ser de 50% para acionistas
O Grupo Pão de Açúcar [PCAR3] é a mais nova empresa a desejar entrar para o hall de follow-ons de 2023. A varejista entraria para somar entre as quase 20 ofertas primárias de ações anunciadas em 2023. A companhia deseja captar cerca de R$ 1 bilhão com a nova oferta, contratando Itaú BBA e BTG Pactual [BPAC11] para analisar a viabilidade do movimento.
Para a XP, o follow-on seria mais um passo em direção à redução da alavancagem da companhia, já que poderia reduzir a alavancagem do GPA para 2024E em 0,6x Dívida Líquida / Ebitda – incluindo arrendamento e IFRS –, passando a negociar a 2,5x.
O Banco Safra também enxerga melhora na relação DL/Ebitda, além de considerar que as recentes vendas da participação da varejista na CNova e no Grupo Éxito já contribuíram para a queda da alavancagem.
A varejista irá discutir a proposta de aumento de capital em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), a ser realizada em 11 de janeiro.
No entanto, há uma pedra no sapato do GPA.
Uma oferta tão significativa também leva à diluição aos acionistas que optarem por não aderir ao follow-on, o que, por sua vez, pode resultar no desmonte de posição de diversos investidores na companhia. O próprio acionista majoritário da empresa, o grupo francês Casino, deve ficar de fora da oferta, como sinalizou o Broadcast.
Segundo o Bradesco BBI, é improvável que o controlador siga com a oferta, por conta da intenção do varejista europeu de desinvestir em seus ativos sul-americanos. Entretanto, caso o follow-on realmente aconteça e o Casino não participe, isso resultaria na diluição da participação atual da empresa de 40,9% para 20,4%, levando em consideração o preço médio do fechamento dos últimos 30 dias, calculou o Safra.
Isto é, o banco sinaliza que a potencial diluição seria de, aproximadamente, 50%.
Os três bancos mantiveram a recomendação neutra para a ação da empresa, assim como a maioria das instituições que cobrem PCAR3. No final de novembro, o Bradesco BBI foi o último banco a reavaliar sua recomendação para o papel, passando-a de outperfom – equivalente a compra – para neutra.
Em setembro, pelo menos quatro bancos cortaram o preço-alvo para o papel em cerca de um mês, com o Santander [SANB11] diminuindo o valor em 80%, de R$ 35,00 para R$ 5,70. Hoje em dia, grande parte das empresas que cobrem o ativo, tem preço-alvo para a ação em menos de R$ 10,00.
Troca de comando
A AGE também pretende discutir a eleição de uma nova chapa para o conselho de administração, condicionada à realização da oferta e com posse prevista para 30 dias após a liquidação. Esta notícia acabou ficando à sombra da repercussão do possível follow-on.
A chapa seria composta por nove membros, sendo seis independentes, dois ligados ao Casino e o CEO Marcelo Pimentel. O cargo de presidente ficaria com Renan Bergmann – um dos independentes –, em substituição de Jean-Charles Henri Naouri.
“É estranho a gente imaginar que a diretoria vai propor mudar o conselho, né? Geralmente o que acontece é o inverso”, afirmou Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed.
O analista afirmou que não tem olhar positivo sobre a troca. “Eu diria que a perspectiva é ruim para a empresa. Enfim, não vejo boas perspectivas aí não.”
Análise técnica
PCAR3 fechou a sessão de hoje em queda de 6,70%, a qual, apesar de expressiva, ficou bem abaixo do percentual máximo de perdas do dia, sinalizou o analista técnico Filipe Borges.
“Em função da notícia, os investidores acharam que o papel poderia pesar muito mais do que pesou. Isso é um ponto positivo para o ativo.”
O analista indica que, no gráfico de 60 minutos, é possível observar uma tendência de alta no papel.
“Para especulação no curto prazo, eu estou de olho em compras acima dos R$ 4,10”, afirmou.
O alvo desta operação ficaria entre R$ 5,15 e R$ 5,65, com stop abaixo dos R$ 3,85.