Prêmio B3: analistas compartilham os maiores acertos, surpresas e decepções do ano

O investidor que viu a bolsa fechar em 106 mil pontos em 2 de janeiro de 2023, primeiro pregão do ano, ou os 13 dias de agosto que marcaram a sequência mais longa de quedas consecutivas no Ibovespa, talvez não acreditaria se alguém contasse que o índice estaria amarrando o ano acima de históricos 134 mil pontos.

Os meses de novembro e dezembro foram de grande destaque para a B3, consequência de uma melhora macroeconômica, puxada principalmente pelos juros dos Estados Unidos, além de investimentos estrangeiros, de acordo com Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital.

“A pessoa física e o institucional ainda estão um pouquinho de fora dessa retomada que a gente teve no final, mas realmente foi a melhora macro que acabou atraindo mais capital para cá”, argumentou.

Entre as altas de ações do índice, Yduqs [YDUQ3] acabou em primeiro lugar, chegando a quase 125% de crescimento no ano. Segundo Max Bohm, analista fundamenalista, além de Yduqs, o setor de educação teve boa performance e outros papéis também se valorizaram.

“O cenário de queda de juros, resultados melhores das empresas e expectativa de que o novo governo incentivaria o setor educacional apoiaram esse crescimento”, explicou. 

Acertos

A maior aposta – e acerto – de Bohm para 2023 foi Allos [ALOS3], antiga Aliansce Sonae, que subiu mais de 60% neste ano. O desconto que a companhia tinha em relação a Multiplan [MULT3] e Iguatemi [IGTI3] foi o que chamou atenção do analista.

Allos conduziu muito bem a fusão e melhorou resultados, margem. Além disso, está desalavancando a companhia, fez reciclagem do portfólio de shoppings, programa de recompra e já anunciou que vai pagar dividendos em breve. Ou seja, eles fizeram tudo certo”, frisou.

Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, colocou Mercado Livre [MELI34] como seu maior acerto do ano, que conseguiu prevalecer mesmo em um ano mais fraco para o setor do varejo. 

“A gente sempre tem que contar com um pouco da sorte de Mercado Livre, o que é azar de outros. Mas, quando teve a crise, o Mercado Livre mostrou que empresas sólidas crescem mesmo em situações difíceis para o setor”, explicou.

Surpresas

Mesmo com a crise no varejo, a maior surpresa para Nobile foi a ação da C&A [CEAB3], que subiu mais de 200% devido à expectativa de queda nos juros.

“Claro que ainda tem algumas ações do varejo que estão apanhando muito, mas o  destaque fica para C&A por conta da queda que teve em 2022 e por estar recuperando o resultado no ano”, destacou.

Já Max Bohm ressaltou Inter [INBR32] como a grande surpresa de 2023 e projeta que a companhia continuará tendo resultados ainda melhores no próximo ano. 

Decepções

De acordo com Bohm, a maior frustração de 2023 foi Vale [VALE3], pois “o mercado esperava mais da companhia neste ano”, argumentou. A ação desvalorizou mais de 10% neste ano, juntamente com as oscilações do minério de ferro.

Já para Nobile, o destaque negativo não vai para uma ação específica, mas sim para o setor de petróleo no geral, visto que os investidores estavam com uma tese mais comprada no início do ano para a commodity.

“Muito investidor estava com a expectativa de que o petróleo passaria de US$ 100 e agora estamos vendo ele na casa dos US$ 70, o que frustrou bastante as estratégias”, explicou.

Na mesma linha, Bohm destaca positivamente o setor elétrico. O analista afirma que grande parte destas ações estão próximas das altas históricas, o que levou o mercado para esta direção.

“Além disso, o setor mais defensivo também se beneficia com a queda nos juros”, complementou.

Swing trade

O analista técnico Filipe Borges brincou que “por incrível que pareça”, o ativo que mais rendeu dinheiro – e haters – em um curto espaço de tempo foi o de Magazine Luiza [MGLU3].

Ele contou que realizou duas operações neste final do ano: a primeira rendeu 30% em cerca de um mês, pegando boa parte da última queda, enquanto a outra foi realizada durante a alta do ativo e rendeu 22% em dois dias. Os dois calls renderam em torno de 55%.

“O swing trade foi muito bom esse ano e o mercado deu bastante oportunidade, mas MGLU3 foi o melhor acerto e o mais rápido também”, concluiu.

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