O recuo recente do petróleo, após o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Palestina, reacendeu a atenção dos investidores para as estratégias de proteção de preços entre as petroleiras brasileiras. Segundo relatório do BTG Pactual, a trégua reduziu um dos principais prêmios de risco geopolítico que sustentavam o Brent, levando o mercado a se concentrar novamente nos fundamentos, especialmente sinais de excesso de oferta e demanda enfraquecida.
Com o barril voltando a refletir condições mais frágeis, compreender quais empresas estão mais protegidas contra novas quedas e quais permanecem expostas é essencial para navegar o atual cenário de “maré baixa” no setor de upstream.
Petrobras aposta em proteção natural e foco cambial
De acordo com o banco, a Petrobras [PETR4] evita recorrer a instrumentos tradicionais de hedge de petróleo, já que o tamanho da companhia torna essas operações custosas. O modelo integrado de exploração e refino oferece uma proteção natural contra oscilações do preço do barril, enquanto o foco principal da estatal permanece na cobertura cambial. Além disso, o portfólio de produção de longo ciclo e já sancionado faz com que a empresa priorize a resiliência do balanço em detrimento de proteções de curto prazo.

Prio define próximos passos para 2026
A Prio [PRIO3], segundo o BTG, possui atualmente cerca de 1,8 milhão de barris protegidos para outubro e outros 1,8 milhão para novembro de 2025, com preço médio de aproximadamente US$ 65 por barril. A expectativa é que a companhia detalhe novos desdobramentos de sua estratégia de hedge para 2026 na divulgação dos resultados do terceiro trimestre deste ano.

Brava amplia cobertura gradualmente
Já a Brava Energia [BRAV3] adota uma estratégia de hedge contínua (rolling), com cerca de 3,1 milhões de barris da produção do quarto trimestre de 2025 já protegidos, além de 2,4 milhões de barris para o primeiro trimestre de 2026 e 1,9 milhão para o segundo trimestre do mesmo ano. Atualmente, cerca de 15% da produção total de 2026 está coberta, percentual que deve aumentar à medida que a empresa renova suas proteções ao longo do tempo.

PetroRecôncavo é a mais protegida do setor
Entre as companhias sob cobertura do BTG, a PetroRecôncavo [RECV3] é a que apresenta maior nível de proteção contra oscilações do petróleo. O relatório indica que cerca de 50% da produção total da empresa está atualmente coberta, sendo 88% do gás natural protegido por contratos de preço fixo ou mínimo (atrelados ao Brent a aproximadamente US$ 70,7 por barril)— e 25% da produção de petróleo travada em US$ 65/bbl para o 3º trimestre de 2025 e US$ 60/bbl para o 4º trimestre. Para 2026, cerca de 20% da produção de óleo já está protegida a US$ 60 por barril.

O BTG Pactual avalia que, com o enfraquecimento das pressões geopolíticas e a volta do foco para a oferta e a demanda globais, estratégias de hedge voltam ao centro das atenções no setor de óleo e gás. As empresas mais bem preparadas tendem a atravessar com maior segurança um cenário de preços estruturalmente mais baixos.
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