Panorama de 15 a 20 de junho de 2025
Na próxima semana, o foco dos mercados estará totalmente voltado à política monetária, com decisões de juros em ao menos cinco economias. A Super Quarta promete ser o ponto alto, com as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), no Brasil, e do Federal Reserve, nos Estados Unidos. Enquanto o mercado externo espera estabilidade nas taxas, o Brasil concentra a principal dúvida: o Banco Central pode optar por manter a Selic ou promover uma alta de 0,25 ponto percentual, dependendo do comportamento dos indicadores econômicos, especialmente o IBC-Br.
Panorama do Ibovespa
IBOV segue dentro de uma estrutura técnica de alta iniciada em 2023 e, no curto prazo, apresenta um movimento de correção que se assemelha a uma bandeira de continuação altista. A análise é de Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, que aponta para uma retomada positiva nos próximos dias.
“O mercado segurou bem na região dos 134.750 pontos e, agora, começa a trabalhar acima das médias no gráfico de 60 minutos”, afirma Borges. Para ele, a superação da faixa dos 139 mil pontos pode destravar uma nova pernada de alta, com alvos projetados entre 140 mil e 143 mil pontos. O principal suporte do índice, neste momento, está nos 134 mil pontos.
Dicas de Trades
Vale [VALE3]
A Vale ainda enfrenta pressão vendedora no curto prazo, negociando abaixo de linhas de tendência de baixa (LTBs), segundo análise de Filipe Borges, da Benndorf Research. O ativo encontrou suporte na região dos R$ 51,90, mas o cenário segue delicado.
“Se perder esse suporte, pode cair até os R$ 48,80, o que representaria uma queda de 5,5% a 6%”, alerta Borges. Ele ressalta que adota uma postura conservadora com a mineradora: “Só vejo oportunidade de compra quando romper a LTB principal. A partir daí, ela pode acelerar bem nas próximas semanas”.
Copasa [CSMG3]
As ações da Copasa registraram um movimento relevante de rompimento no gráfico semanal, após enfrentarem diversas resistências na casa dos R$ 25. De acordo com Filipe Borges, da Benndorf Research, a operação de swing trade recomendada na casa já acumula mais de 5,75% de valorização.
“Foi um rompimento bonito, com aumento de fluxo comprador”, diz Borges. Segundo ele, o papel tem espaço para seguir em alta nas próximas semanas, com alvo na região de R$ 29,40, o que representa um potencial de valorização de cerca de 18,3%. O stop foi ajustado para o ponto de entrada, visando proteger os ganhos já acumulados.
Camil [CAML3]
A ação da Camil começa a mostrar força técnica após um longo período abaixo das médias móveis. Segundo o analista Filipe Borges, da Benndorf Research, o ativo respeitou a região de R$ 4,60 e agora caminha para romper o topo anterior em R$ 5,15.
“Acima desse ponto, vejo espelhamento da primeira pernada de alta, com alvo entre R$ 6,15 e R$ 6,20, o que dá um upside de cerca de 20%”, projeta Borges. Para ele, o stop adequado está abaixo dos R$ 4,50, única referência de fundo mais claro no gráfico diário.
Indicadores econômicos
A semana entre 15 e 20 de junho será decisiva para a política monetária brasileira, e os indicadores econômicos terão papel central na condução do Copom. Segundo Leandro Manzoni, economista do Investing.com, os dados que serão divulgados nos próximos dias terão forte influência sobre a decisão do Banco Central, que avalia se mantém a Selic em 10,50% ao ano ou se adota uma postura mais dura, promovendo um aumento de 0,25 ponto percentual.
“A divulgação do IBC-Br de abril, na segunda-feira, será o dado mais sensível para o mercado local, pois funciona como uma prévia do PIB e pode reforçar ou reverter apostas sobre o rumo dos juros”, afirma Manzoni. Caso o índice venha abaixo das expectativas, tende a ganhar força a visão de manutenção da Selic. Por outro lado, um resultado acima do esperado pode pressionar por uma elevação da taxa.
Além do IBC-Br, o Brasil também divulga na segunda-feira o IGP-10 de junho e o Boletim Focus, com as projeções do mercado para inflação, crescimento e juros. A Super Quarta será marcada ainda pela decisão do Federal Reserve, que deve manter os juros entre 5,25% e 5,5%, mas pode atualizar suas projeções. “O discurso de Jerome Powell será crucial. O mercado quer saber se o Fed ainda enxerga espaço para cortes este ano ou se vai adotar uma postura mais conservadora diante de dados ainda fortes de emprego e inflação”, explica Manzoni.
Indicadores internacionais completam a agenda robusta. Na domingo (15), a China publica dados importantes de maio, como vendas no varejo, produção industrial e preços de imóveis — informações que podem balizar o apetite global por risco na abertura da semana. Na terça-feira, os EUA divulgam sua própria leitura de varejo e indústria, e o Japão traz dados sobre comércio exterior.
O Reino Unido também terá protagonismo: na quinta-feira, o Banco da Inglaterra (BoE) decide sobre a taxa de juros, com expectativa de manutenção em 4,2% ao ano. Já à noite, a China divulga sua decisão de política monetária, também com expectativa de estabilidade.
Diante desse cenário carregado, Manzoni alerta: “Será uma semana de forte volatilidade. Os investidores precisarão lidar com indicadores relevantes, decisões de juros e riscos geopolíticos — um verdadeiro teste para o apetite por risco nos mercados emergentes”.
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