Panorama de 19 a 23 de agosto
Poucos indicadores econômicos relevantes devem movimentar o mercado na semana prestes a começar. Por outro lado, os investidores globais ficarão atentos às discussões entre banqueiros centrais, economistas e acadêmicos no Simpósio de Jackson Hole, organizado pelo Federal Reserve (Fed) de Kansas City no estado americano de Wyoming entre 22 e 24 de agosto. O tema deste ano é “Reavaliando a eficácia e a transmissão da política monetária”.
O Ibovespa, que fechou a última semana aos 133.953 pontos, deve acompanhar o humor do mercado externo, diante também do fim da temporada de balanços no Brasil. O índice caminha para alcançar a máxima histórica de fechamento, de 134.197 pontos, atingida pela primeira vez em dezembro passado.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa completou oito dias consecutivos de alta. Agora, a movimentação “demanda cuidado, pois há necessidade de descansos simétricos para novas movimentações de alta”, aponta o analista técnico João Tonello.
Ele recomenda também evitar tentar acertar o topo dos gráficos em operações de venda. Para novas compras, prossegue, o ideal é esperar o índice fazer retrações. Até lá, a dica é “evitar compras esticadas nesse momento”.
Dicas de Trades
Aura Minerals [AURA33]
O possível movimento de alta dos juros no Brasil chama atenção para uma valorização do ouro. Assim, diz Tonello, “podemos pensar em compras de Aura para tentativa de teste de topo”, em um momento de fuga dos riscos em meio às discussões sobre os próximos passos da política monetária nacional.
Marcopolo [POMO4]
A Marcopolo trouxe sólido resultado no segundo semestre, prosseguiu o analista técnico. Se a ação fechar com gráfico diário acima de R$ 7,12 durante a semana, pode indicar uma boa retração de Fibonacci após rompimento de uma linha de tendência de baixa [LTB] com gap de fuga. Assim, Tonello deixa o ativo no radar para possíveis entradas.
JBS [JBSS3]
Apesar do movimento de alta estar muito forte no setor de proteínas, descansos simétricos são interessantes no ativo para que haja uma retomada de alta. Dessa forma, Tonello recomenda venda do papel na perda da mínima da última sexta-feira, com stop no topo gráfico e alvo de curto prazo em R$ 5,10.
O analista vê a oportunidade como uma “ousada rápida operação” que tem grande chance de acerto.
Indicadores econômicos
A estrela do Jackson Hole será, como sempre, Jerome Powell, presidente do Fed. O tradicional evento, realizado há mais de quatro décadas, é geralmente utilizado para que o chairman da autoridade monetária dos EUA estabeleça as diretrizes de política monetária para os 12 meses seguintes.
Powell vai realizar seu tradicional discurso na sexta-feira (23), às 11h (horário de Brasília), com transmissão pelo canal do Fed de Kansas City no YouTube. A expectativa do discurso deste ano é em relação à condução do eminente processo de flexibilização monetária pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, após manter a taxa básica de juros da economia dos EUA no intervalo entre 5,25% e 5,5% desde julho do ano passado.
O Fomc elevou aceleradamente os juros a esse patamar entre março de 2022 e julho de 2023 para combater o pior surto de inflação desde a década de 1980.
Outro ponto importante no discurso de Powell deve ser a sinalização quanto à extensão da magnitude de corte e sua velocidade, especialmente no início do ciclo, frisam os analistas do Investing.com. Na reunião de junho, o Fomc apresentou a projeção de um corte de juros em 2024 de acordo com a mediana das estimativas de seus membros votantes.
No Simpósio de Jackson Hole, Powell não deve apontar o número de cortes até o fim do ano. “No entanto, ele deve enfatizar a cautela que o Fomc deve ter no momento para que a economia dos EUA siga para um pouso suave, ou seja, com desaceleração do mercado de trabalho para um ponto de equilíbrio saudável com uma inflação se encaminhando para a meta.”