Próxima semana tem dados de inflação do Brasil e EUA, além de oportunidade em DEFI11

A partir das cartas de gestores e de pesquisa interna da XP Investimentos, o TradeNews teve acesso às perspectivas das principais gestoras de fundos do Brasil para o cenário político-fiscal do país do próximo ano

Panorama de 26 a 30 de agosto

O Ibovespa quebrou recorde atrás de recorde na última semana. Depois de muito marasmo e até pessimismo na primeira etapa de 2024, o índice destravou e encerrou a última semana na faixa dos 135 mil pontos. A alta acumulada foi de 1,24%, incluindo uma realização de lucros na quinta-feira passada (22). 

Foram poucos os poucos indicadores econômicos relevantes nos últimos dias, mas os discursos das autoridades monetárias de Brasil e EUA deram o tom dos mercados. Fato é que os dirigentes reforçaram a dependência de dados macroeconômicos, e a semana que está para começar vai trazer indicadores de atividade, de inflação e fiscais que podem direcionar os rumos da política monetária tupiniquim e a da maior economia do mundo. 

Mas, como aponta Leandro Manzoni, analista do Investing.com, cada economia enfrenta dilemas diferentes. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, já afirmou que “chegou a hora” de cortar os juros em sua fala no Simpósio de Jackson Hole. A dúvida é a velocidade e o tamanho dos cortes. 

O discurso de Powell hoje foi ainda mais enfático do que a ata do Fomc: chegou a hora de o Fed iniciar o ciclo de corte de juros. Maykon Douglas, economista da Highpar, destaca como mais importante no discurso a avaliação de Powell de que ainda há um qualitativo benigno no processo de moderação no emprego. “Para ele, a alta do desemprego deriva de um aumento na oferta de trabalho, não propriamente uma alta nas demissões.”

Já no Brasil, o mercado avalia que há um desencontro de tom entre os discursos do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. A dúvida brasileira é se haverá manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano ou início de um novo ciclo de alta. 

Radar de Proventos

Odontoprev [ODPV3] e Cemig [CMIG4] ficam ex-dividendos na próxima segunda-feira (26). No dia seguinte, é a vez da Telefônica Brasil [VIVT3]. Já na quarta-feira (28), ficam ex as ações da Cruzeiro do Sul [CSED3].

Na reta final da semana, Carrefour Brasil [CRFB3] e Marcopolo [POMO4] ficam ex-direitos na quinta-feira (29), enquanto a JHSF [JHSF3] fica ex na sexta-feira (30). 

Panorama do Ibovespa 

O Ibovespa apresentou uma semana um pouco mais neutra em comparação às semanas anteriores, descreveu o analista técnico Filipe Borges. O índice atingiu a expansão de 61,8% do movimento de alta por Fibonacci, que era nos 136.800 – marca atingida ao longo da semana, antes da realização de lucros. 

O alvo final do movimento estaria na região dos 141.400 pontos. Dada a correção do fim da última semana, Filipe ainda não vê claramente o sinal de topo de mercado. 

“Da última vez que nós tivemos esse movimento de alta, que foi bem atípico, no qual a gente não via descanso, e isso faz dois anos já, o mercado enroscou bastante, entrou numa região de consolidação, até uma grande consolidação de cinco a seis mil pontos durante alguns meses”, analisa. Ele não duvida que o movimento atual continue. Portanto, diz não ver sinal claro de venda no Ibovespa nesse momento. 

“Claro que alguns ativos podem cair um pouco mais forte, mas atenção para o rompimento dos 137 mil.” A partir de tal marca, ganha força a probabilidade de o mercado puxar nos próximos dias para 140 a 141 mil pontos.

“Caso a gente tenha perda dessa região de suporte do gráfico de 60 minutos, nos 134.800, pode ter uma correção um pouquinho mais forte, até a faixa dos 132, 130.500 pontos.”

Dicas de Trades

CCR [CCRO3]

CCR “está bonito no rompimento dos R$ 3,70”, diz Filipe. O ativo rompeu a máxima do dia anterior na sexta-feira passada,fechando aí com mais de 4% de alta e com espaço para subir mais. “Graficamente está bem alinhado”, com aumento de volume na última sexta. 

A resistência fica próxima dos R$ 14,30, enquanto o alvo principal está entre R$ 14,80 a R$ 15,50.

EzTec [EZTC3]

O papel da construtora é outra ação que me chama a atenção de Filipe. EZTC3 “fez um belo movimento de alta”, querendo reverter tendência, tanto no gráfico diário quanto no semanal. O rompimento da região de resistência abre espaço para alvos entre R$ 16,60 e R$ 17,50.

O setor de construção civil, de modo geral, também mostra sinais de movimentação de alta, completou o analista.

Ethereum [QETH11]

O ETF de Ethereum QTH11 mostra sinalização de alta, que seria confirmada no rompimento dos R$ 10,80.

O ativo segurou em região de retração do gráfico mensal e tem como alvo o primeiro fechamento de gap, “que eu acho um alvo bem conservador”. Tal marca pode valer uma realização parcial dos lucros, com alvo final na região dos R$ 15,20.

Indicadores econômicos

Na próxima sexta-feira, a perspectiva é de uma aceleração na base mensal do PCE de julho, de 0,1% para 0,2%, enquanto o núcleo, que exclui o preço de itens voláteis como alimentos e energia, deve se manter em 0,2%. “Se os dados vierem abaixo desse consenso, haverá crescimento nas expectativas de corte de meio ponto percentual na taxa de juros em setembro”, diz Leandro Manzoni. No entanto, é importante observar outros dados que saem na sexta-feira, como renda e gastos pessoais.

No Brasil, a divulgação dos indicadores será ao longo da semana. Começa na terça-feira (25) com o IPCA-15 de agosto, prévia da inflação oficial. Os dados de julho vieram acima da projeção, com o acumulado em 12 meses se aproximando do limite superior da meta de inflação. “Caso rompa esse limite, será apenas um sinal de alerta, pois a decisão de política monetária tomada neste momento só afetará no mínimo de seis a nove meses na economia”, e o Banco Central trabalha com o horizonte de 18 meses à frente.

Na quinta e sexta-feiras, serão conhecidos os dados do mercado de trabalho. Na sexta-feira, serão conhecidos os dados do setor público divulgados pelo BC. Números acima da projeção podem aumentar as perspectivas de alta da taxa Selic na reunião de setembro, agora entre os economistas, pois os investidores há semanas precificam uma alta de 0,25 ponto percentual na curva de juros futuros. 

“A divergência de tom entre Campos Neto e Galípolo contribui para essa indefinição se a Selic sobe ou não no próximo mês”, frisou o analista. Campos Neto disse, em entrevista a O Globo e em fala em evento do BTG, apontou a melhora do cenário externo e a perspectiva de números de inflação mais baixos para o restante do ano, o que foi considerado dovish e com propensão de manutenção da taxa Selic. 

Já Galípolo, reforçado pelo diretor de Política Econômica Diogo Guillen, apontou a desancoragem das expectativas de inflação para 2025 e 2026 e atividade acima do projetado. Além disso, Galípolo foi enfático que o BC conduz a política monetária para convergir a inflação para o centro da meta, de 3%. O cenário de referência do Bacen para o primeiro trimestre de 2026, horizonte da política monetária, é de 3,4%, e de 3,2% no cenário alternativo com a taxa Selic em 10,5%. 

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