Panorama de 15 a 19 de julho
O Ibovespa está começando o segundo semestre com pé direito. O índice acumulou 2% de alta na última semana, próximo dos 129 mil pontos, totalizando mais de 7% de ganho em julho. A grande novidade por aqui foram os números do IPCA, que vieram mais fracos que o esperado para junho.
Além disso, o ministro Fernando Haddad fechou a semana com um discurso pró-corte de gastos, durante a fala no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI).
Na semana que vem, a agenda econômica fica esvaziada de eventos relevantes. Os destaques no exterior são a divulgação do PIB e de dados de atividade econômica na China, inflação e taxa de juros na Zona do Euro e dados de atividade nos EUA. No Brasil, o IBC-Br é o único evento econômico com algum destaque.
Radar de Proventos
Na próxima terça-feira (16) ficam “ex-dividendos” os ativos da Wilson Sons [PORT3], enquanto a Cruzeiro do Sul [CSED3] fica ex na quinta-feira (18). No dia seguinte (19), é dia da Randon [RAPT4].
*O relatório da Bloomberg aponta que as datas em que estas ações ficam “ex-proventos” são apenas previsões, não estão confirmadas, estando sujeitas a mudanças.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa segue em movimentação de alta. Percebe-se uma “recuperação em V”, nas palavras do analista técnico Filipe Borges, tanto no gráfico diário quanto no semanal. “Não há nenhum descanso saudável no ativo, o que reforça que temos que ser bem seletivos para operações, principalmente na ponta compradora.”
Outra alta, até os 130 mil pontos, tende a trazer certa pressão vendedora, visto não haver registro do Ibovespa trabalhando acima desse patamar desde abril. Até lá, prossegue o analista, algumas operações na ponta compradora ainda podem andar muito. Ele inclusive tem posições compradas em aberto.
Todavia, ele aconselha, “daqui para frente mais atenção e mais filtros operacionais, para não comprar em uma possível região de topo do índice”.
Dicas de Trades
B3 [B3SA3]
B3 vale a manutenção da posição, com stop abaixo de R$ 9,90 e R$ 9,92, diz Filipe Borges. O alvo da operação seria no teste da linha de tendência de baixa (LTB) marcada no gráfico abaixo.“Chegou nessa LTB, colocaria [os lucros da operação] no bolso e aguardaria uma nova oportunidade.”
WEG [WEGE3]
“O gráfico semanal está maravilhoso”, exclama Filipe. O ativo aponta para cima, ante o rompimento de uma longa consolidação, cujo topo foi em 2021. Na faixa de preço atual, WEGE3 tem espaço para altas mais fortes, até a cotação de R$ 61. Ou seja, o potencial de alta fica entre 34% e 35%.
“No gráfico diário, eu não entrei ainda em uma posição de swing trade, porque a gente estava em um ativo subindo dos R$ 37,00 para os R$ 45,00 praticamente sem descanso.” O analista vai aguardar um movimento de correção de WEGE3 para realizar compras.
Para quem já tem a ação em carteira, a recomendação é manter. “Levaria o ativo pela mínima do candle mensal e deixaria o mercado trabalhar”, concluiu Filipe.
Klabin [KLBN11]
A unit da Klabin performou um alargamento no gráfico semanal. O ativo está ensaiando traçar “uma boa bandeira de alta”, diz Filipe, em referência ao padrão gráfico. Todavia, KLBN11 rompeu o último topo sem descanso, e por isso fez correção na última semana, demonstrando a possibilidade do ativo ficar travado mais alguns dias ou até mesmo algumas semanas.
No curto prazo, o papel deu uma “subida boa” dos R$ 19,60 até a região dos R$ 22,00 e, então, corrigiu um pouco mais.
Filipe não recomenda entrar em operações no ativo. “Não faria nesse momento, vejo a possibilidade desse ativo ficar muito mais travado.” Ainda assim, para quem quiser especular uma compra, “seria uma entrada acima dos R$ 21,05, com stop abaixo dos R$ 20,60, um stop na casa de 2,10%, 2,15%. É bem curtinho, realmente.”
Indicadores econômicos
O enfoque dos investidores está na temporada de balanços do segundo trimestre das empresas listadas nas bolsas de Wall Street. As companhias financeiras continuam a reportar no início da semana, com destaque para Goldman Sachs, Morgan Stanley e Black Rock. Netflix, na quarta-feira (17), dá o pontapé para os resultados das empresas de tecnologia.
“Vários membros do Fed, inclusive o chair Jerome Powell, vão discursar ao longo da semana. O mercado aguarda alguma sinalização do banco central dos EUA de início dos cortes para setembro, após dados positivos na inflação ao consumidor na última semana, embora o nível de preços aos produtores pior do que o projetado trouxe um sinal de alerta”, avalia Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.
“Com isso, a produção industrial e as vendas no varejo em junho dos EUA ganham peso para avaliar a intensidade da desaceleração da economia americana e seria suficiente para deixar o Fed confortável para início da flexibilização monetária”, prossegue o analista.
“Na Europa, a taxa de juros deve ser mantida em 4,25% após o corte de 25 pontos-base na reunião de junho. O encontro da próxima quinta-feira é a primeira do colegiado do Banco Central Europeu (BCE) após as eleições parlamentares francesas, que trouxe um resultado incerto quanto à trajetória fiscal da França, com risco de adicionar prêmio de risco à curva de juros da segunda maior economia da zona do euro”, avalia Manzoni.
“Há possibilidade da presidente do BCE, Christine Lagarde, ter que comentar sobre essa pressão sobre a economia francesa e se o BCE pode eventualmente comprar títulos, como durante a crise do euro em 2012, se o prêmio de risco subir para níveis insustentáveis”, finaliza o analista.