Panorama de 22 a 26 de julho
O Ibovespa caiu quase 1% nesta semana, quebrando uma sequência de quatro altas semanais seguidas. Em semana esvaziada de indicadores econômicos, investidores acompanharam o noticiário de Brasília. O ponto alto da semana foi o follow-on da Sabesp [SBSP3] – que coincidiu com um apagão cibernético global.
Na próxima semana, um novo capítulo para o risco fiscal será escrito na segunda-feira (22), com a divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias pelo governo federal.
O governo antecipou na última quinta-feira (18) que vai realizar uma contenção de R$ 15 bilhões no orçamento deste ano, sendo R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões em contingenciamento.
“Foi um número esperado pelo mercado, mas ainda insuficiente para o cumprimento do limite inferior da banda fiscal deste ano”, diz o analista do Investing.com Leandro Manzoni. “A expectativa é de novos anúncios em setembro ou em novembro”.
As contas públicas se destacaram nos últimos meses no mercado após o esgotamento do ajuste fiscal por meio da arrecadação, a mudança da meta fiscal para 2025 e as constantes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à pressão para o cumprimento do arcabouço fiscal, que foi sancionado durante o seu governo, disseram os especialistas do Investing.com.
Radar de Proventos
Na próxima segunda-feira, ficam ex-direitos os papéis da Mitre [MTRE3] e do Santander [SANB11]. No dia seguinte (23), é a vez da Randon [RAPT4]. Adicionalmente, Cruzeiro do Sul [CSED3] fica ex na quinta-feira (25) e Jalles Machado [JALL3], na sexta (26).
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa registrou movimentação de alta, na qual rompeu a região da linha de tendência de baixo (LTB). Agora, o índice precisa fazer um “descanso simétrico” para rompimento dos 130 mil pontos, diz o analista técnico João Tonello.
Uma vez rompida essa resistência, o mercado pode testar máximas históricas. “Nesse momento corretivo, é extremamente importante que o mercado não faça perda do 123.500 pontos para continuar numa movimentação de alta na tendência terciária”, completou o analista.
Indicadores econômicos
O grande foco do mercado brasileiro na próxima semana é o início oficial da temporada de balanços do segundo trimestre. O Carrefour Brasil [CRFB3] publica os números na segunda-feira depois do fechamento, enquanto a Neoenergia [NEOE3] publica no dia seguinte, também após o fechamento.
No exterior, a divulgação dos dados de atividade econômica e de inflação dos EUA ganha cada vez mais importância com as crescentes expectativas de início de corte da taxa de juros pelo Fed.
“Os membros do Fed ainda não sinalizaram, na última semana, quando começam os cortes, mas seus comentários estão menos hawkish, indicando que os dados de inflação estão indo para o caminho certo, o que pavimenta o discurso para sinalizar o começo dos cortes”, diz Leandro Manzoni, relembrando que o Fed conduz a política monetária “dependente de dados” da economia.
De acordo com as projeções de economistas compiladas pelo Investing.com, os EUA devem ter crescido 2% no segundo trimestre de 2024, uma aceleração em relação à expansão de 1,4% entre janeiro e março.
“Números abaixo do esperado vão fortalecer a expectativa de corte para setembro, enquanto acima das projeções pode jogar um balde de água fria no mercado”, avalia Manzoni.
Para que a flexibilização monetária comece efetivamente em setembro, o índice de inflação PCE de junho também deve vir abaixo das projeções, confirmando os números de deflação apresentados pelo índice de preços ao consumidor (IPC).
No mesmo dia do PCE, também serão conhecidos a renda e os gastos dos consumidores americanos, cujas projeções são alta mensal de, respectivamente, 0,4% e 0,3%.