Panorama de 2 a 8 de março
Após a folia do Carnaval, os investidores brasileiros retornam ao mercado na quarta-feira (6) com uma agenda repleta de indicadores econômicos cruciais para o rumo dos ativos financeiros. A Bolsa de Valores brasileira permanecerá fechada na segunda e terça-feira, retomando suas atividades apenas às 13h da quarta-feira. Durante esse período, a divulgação de indicadores globais também será mais moderada, com destaque para os Índices de Compras Gerenciais (PMI) da indústria, serviços e composto de economias como Japão, China, Zona do Euro, EUA e Reino Unido.
Os números dos PMIs do Brasil também serão revelados durante o feriado, com o industrial programado para segunda-feira e os dados de serviços e composto na quarta-feira. Além disso, investidores acompanharão a divulgação da prévia da inflação ao consumidor da Zona do Euro na segunda-feira e os dados do mercado de trabalho europeu na terça-feira. A instabilidade política na França, onde o Parlamento enfrenta disputas sobre a política fiscal, também pode gerar reflexos no cenário internacional.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa (IBOV) encerrou a semana em baixa, registrando mínimas na região dos 123 mil pontos. Segundo Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, o índice apresenta um padrão de alargamento, o que indica uma possível resolução do último fundo sem um descanso prévio.
“Isso pode abrir espaço para operações contra a tendência, mas ainda precisamos de mais confirmações. Provavelmente, na segunda ou terça-feira, esse trade estará mais claro”, avalia Borges.
Caso o movimento de queda continue, o Ibovespa pode recuar até os 122.400 pontos e, caso perca esse suporte, o próximo nível de defesa está apenas nos 118.500 pontos. Borges reforça a importância de operar com stops para quem trabalha com day trade e swing trade. “O mercado volta a ficar bem direcional e, apesar das oportunidades, operar sem um gerenciamento de risco adequado pode ser muito prejudicial”, alerta.
Dicas de Trades
Hashdex Solana [SOLH11]
O ETF de Solana [SOLH11] iniciou o dia cotado a R$ 23,85, com stop nos R$ 20,84. O ativo sofreu uma forte desvalorização recentemente, refletindo a queda do token Solana [SOL], que despencou de US$ 290 para cerca de US$ 130, uma retração de aproximadamente 52% no ETF.
Borges destaca que a região atual representa um forte suporte técnico, onde se formou um padrão de engolfo de alta, sugerindo um potencial de recuperação. “Vejo um upside de curto prazo de cerca de 28% nos próximos dias, com diversos gaps a serem fechados acima do preço atual”, projeta o analista.
Vale [VALE3]
A Vale [VALE3] segue enfrentando volatilidade, encontrando novos níveis de suporte e resistência em relação à faixa dos R$ 56,00 observada anteriormente. Atualmente, o papel opera dentro de uma tendência de baixa no gráfico semanal.
“Caso perca os R$ 54,68, a Vale pode abrir espaço para uma queda maior, com um primeiro alvo na região dos R$ 54,70”, destaca Borges. Caso esse movimento se confirme, o analista aponta que a ação pode buscar patamares ainda mais baixos, com suportes nos R$ 50,00 e R$ 48,60, antes de um possível fundo próximo aos R$ 41,00.
“Nesse último patamar, a ação se tornaria uma excelente oportunidade de compra para o longo prazo”, conclui Borges.
Hashdex DeFi [DEFI11]
O ETF Hashdex DeFi [DEFI11], que reúne diversas criptomoedas e projetos promissores do setor, também passou por uma forte correção nas últimas semanas. Segundo Borges, essa retração trouxe o ativo para uma importante região de suporte, representando uma boa oportunidade de compra.
“Estamos em níveis semelhantes aos de novembro, quando houve uma valorização expressiva de 88%”, aponta o analista. Para essa movimentação, Borges trabalha com um stop abaixo dos R$ 25,60 e alvos de valorização nas próximas semanas em R$ 34,75 (upside de 17%) e R$ 43,00 (alvo final de 47%).
Indicadores econômicos
Com a volta do pregão na quarta-feira, o mercado terá uma série de dados relevantes para monitorar. Segundo o economista Leandro Manzoni, do Investing, o Boletim Focus será divulgado às 14h, contendo projeções econômicas do mercado para inflação, juros e PIB. “O Focus pode trazer ajustes nas expectativas, especialmente diante do cenário de política monetária mais rígida no Brasil”, destaca Manzoni. No mesmo dia, o Federal Reserve divulgará o Livro Bege, um documento que reúne dados da economia norte-americana e pode dar pistas sobre os próximos passos da política de juros nos EUA.
Na quinta-feira, a atenção se voltará para a Europa, com a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre a taxa de juros, além dos dados de vendas no varejo da Zona do Euro. O BCE tem sido cauteloso em sua abordagem, e qualquer sinalização sobre mudanças na política monetária pode afetar o fluxo de capital para mercados emergentes, incluindo o Brasil. “Os desdobramentos da decisão do BCE podem influenciar o câmbio e o apetite ao risco dos investidores estrangeiros”, explica Manzoni.
A sexta-feira será o grande dia da semana para os mercados, com a divulgação do PIB brasileiro do quarto trimestre de 2024. A expectativa é de uma desaceleração da economia devido ao impacto do aperto monetário promovido pelo Banco Central. O mercado estima que o crescimento tenha perdido força no último trimestre do ano passado, refletindo a alta dos juros e a menor demanda por crédito.
Nos EUA, o relatório de empregos (payroll) será o foco das atenções globais. A previsão é de uma criação de 133 mil postos de trabalho em fevereiro, ante os 143 mil registrados em janeiro. Caso os números superem as projeções, podem reforçar a expectativa de cortes de juros pelo Fed ainda em 2025. “Se os dados vierem acima do esperado, o mercado pode precificar uma postura mais agressiva do Fed, impactando o dólar e os juros futuros”, analisa Manzoni.
Além disso, os investidores também observarão os números da balança comercial brasileira, que será divulgada na tarde de sexta-feira. O desempenho das exportações e importações pode influenciar as projeções para o saldo das contas externas, que têm sido um ponto de preocupação para economistas em 2025.