Panorama de 1 a 7 de junho de 2025
Na primeira semana de junho, os EUA serão o principal foco dos investidores devido à divulgação de dados relevantes do mercado de trabalho de maio, um dos mandatos do Federal Reserve para conduzir a política monetária, diferentemente do Brasil. A atenção se volta para esses indicadores, cruciais para avaliar a saúde da maior economia do mundo e suas implicações para as decisões do Fed.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa se aproxima da faixa superior de seu canal de alta, mas tem encontrado dificuldades para romper a resistência na região dos 140.300 pontos. De acordo com Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, o índice pode estar entrando em uma fase de lateralidade ou mesmo de correção. “Existe um suporte importante nos 134.900 pontos. Se esse nível for perdido, o movimento corretivo pode se estender até os 132 mil ou até 131 mil pontos”, alerta.
Com muitas ações bastante esticadas após recentes altas, o momento pede atenção redobrada. “Mesmo para operações de swing trade, o cenário exige muita seletividade. Muitos ativos estão afastados das médias, tanto no gráfico diário quanto no semanal, o que aumenta o risco de realização”, explica Borges.
Dicas de Trades
Vale [VALE3]
As ações da Vale seguem em trajetória de baixa e encerraram o pregão abaixo dos R$ 52,00, demonstrando fraqueza diante da linha de tendência descendente. Para Filipe Borges, a mineradora ainda não conseguiu sinalizar uma reversão. “Se continuar abaixo dos R$ 52,00, há espaço para o papel recuar até o suporte dos R$ 49,00, que hoje é o principal nível de defesa para o ativo”, afirma.
Apesar da possibilidade de recuperação, o cenário permanece desafiador. “Somente com uma retomada de otimismo no setor e no papel é que poderíamos ver uma reação em direção à resistência dos R$ 55,00. Mas, por enquanto, a tendência segue negativa, e o papel ainda pode perder mais R$ 3,00 nos próximos dias”, projeta o analista.
Banco do Brasil [BBSA3]
Após divulgar seus resultados trimestrais, o Banco do Brasil viu suas ações recuarem mais de 10%, movimento que ainda persiste. Atualmente, o ativo testa o suporte na região dos R$ 23,40, um nível crucial para o comportamento futuro dos preços. “Caso essa faixa seja rompida para baixo, o mercado pode levar o papel até o suporte mais forte em R$ 20,50, onde o ativo encontrou força por várias semanas no passado”, explica Filipe Borges.
Para investidores interessados no papel, o momento é de prudência. “O ideal é aguardar sinais de reversão em tempos gráficos menores, como o de 60 minutos. Um pivô de alta e o retorno acima das médias seriam sinais mais seguros”, recomenda. “Enquanto isso não ocorrer, o melhor é manter distância, pois o ativo pode sofrer novas correções nas próximas semanas”, completa o analista.
Hashdex Ethereum Reference [ETHE3]
O fundo Hashdex Ethereum Reference voltou a atrair a atenção do mercado após romper um longo período de negociação abaixo das médias móveis. Segundo Filipe Borges, o ativo apresentou forte alta e agora realiza um movimento lateral de correção, considerado natural. “Esse tipo de consolidação após uma alta intensa é saudável e pode preparar o terreno para novos avanços”, avalia.
O analista destaca duas regiões de interesse para compras: R$ 37,70, ponto de retorno à média, e R$ 35,00, onde se localiza o fechamento de um gap anterior. “Além disso, o rompimento da resistência dos R$ 44,00 pode desencadear um novo movimento expressivo de alta, com alvo nas máximas anteriores. O fluxo comprador voltou com força, e o papel dá sinais claros de retomada”, conclui Borges.
Indicadores econômicos
A próxima semana reserva atenção especial para a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira (4), um relatório que sintetiza as condições econômicas nas 12 regiões do banco central americano. Esta edição ganha relevância por ser a primeira a avaliar o impacto das tarifas recíprocas de até 145% impostas por Donald Trump, especialmente sobre a economia real dos EUA (“Main Street”), em contraste com o mercado financeiro (“Wall Street”).
Segundo Leandro Manzoni, economista do Investing, o Livro Bege desta vez será crucial para entender como as empresas americanas reagiram às tarifas de Trump em termos de preços, atividade e mercado de trabalho. Aliado aos discursos de membros do Fed, incluindo o chair Jerome Powell, o relatório poderá influenciar a condução da política monetária na reunião de 18 de junho, quando também serão divulgadas as projeções econômicas do banco central.
No cenário global, o mercado também estará atento ao recrudescimento da guerra comercial entre EUA e China, após acusações de Trump sobre violação de acordo por Pequim. A irritação do presidente americano com a estratégia de investidores de lucrar com suas idas e vindas tarifárias (“TACO”) adiciona tensão ao ambiente.
No Brasil, a política doméstica ganha destaque, com a polêmica do aumento do IOF, dificuldades de governabilidade e queda na popularidade presidencial, fatores que podem levar à derrubada do decreto e a possíveis medidas populistas. A agenda econômica brasileira é fraca, com destaque para a produção industrial de abril e a balança comercial de maio. Já na Zona do Euro, serão divulgados dados de inflação e PIB, e o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar mais um corte na taxa de juros.
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