Panorama de 30 de março a 04 de abril
A semana entre 30 de março e 4 de abril promete movimentar o mercado financeiro global, com investidores atentos às novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos e à divulgação do relatório de emprego (payroll) americano. No Brasil, o Ibovespa tem oscilado diante do cenário externo e da expectativa sobre a economia nacional, com uma agenda de indicadores mais esvaziada nos próximos dias. Enquanto isso, a volatilidade deve continuar impactando o índice, que busca encontrar uma tendência diante das incertezas globais.
O grande destaque internacional será o anúncio das chamadas “tarifas recíprocas” prometidas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que busca equilibrar as condições do comércio exterior americano. A medida, que deve ser oficializada na quarta-feira (2), pode atingir setores estratégicos, afetando empresas e cadeias produtivas internacionais. Além disso, o mercado acompanhará com atenção os dados do payroll na sexta-feira (4), com expectativa de desaceleração na geração de empregos, o que pode influenciar a política monetária do Federal Reserve (Fed) e o rumo dos juros americanos.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a semana de forma estável, consolidando-se em uma faixa entre 131.300 e 133.300 pontos. Segundo Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, esse patamar tem funcionado como um intervalo de resistência e suporte para o índice. “Enquanto o Ibovespa permanecer dentro dessa zona, as estratégias operacionais devem ser cautelosas, priorizando compras nos suportes e vendas nas resistências”, explica o especialista.
Caso o índice perca o suporte dos 131.200 pontos, Borges alerta para uma possível correção mais intensa, com objetivo no nível de 128.800 pontos. “Se isso acontecer, veremos uma queda em torno de 2,21%, algo natural dentro da dinâmica de mercado”, pontua. Por outro lado, caso o Ibovespa consiga romper a barreira dos 133.100 pontos, ele avalia que há espaço para buscar os 137.500 pontos, abrindo caminho para novas máximas.
Dicas de Trades
Vale [VALE3]
A Vale tem respeitado suportes na faixa dos R$ 48,60 e recentemente corrigiu até a linha de tendência de baixa (LTB), na região dos R$ 57,80. “Caso a Vale consiga acumular força nessa região e romper esse topo, vejo espaço para a ação buscar os R$ 62,00 e, posteriormente, os R$ 68,00”, afirma Borges. Segundo ele, o alvo principal após o rompimento da LTB estaria nas máximas de R$ 79,50.
O analista também destaca a importância de proteção das operações. “Manter um stop abaixo dos R$ 48,30 ou R$ 48,00 é essencial. Se a Vale perder esse fundo, poderemos ver um movimento de queda mais forte”, alerta.
Dólar
O dólar iniciou a semana mostrando força após falhar na tentativa de romper um suporte importante na semana passada. Segundo Borges, a moeda americana conseguiu ultrapassar a máxima da semana anterior, o que pode ser um sinal positivo para sua valorização. “Ficarei muito atento ao rompimento dos 5.790 pontos. Acima desse nível, o dólar tem espaço para acelerar, podendo subir até 5.960 pontos”, observa.
Caso a moeda supere esse patamar, Borges indica que a próxima resistência se encontra nas máximas históricas. “Se o dólar continuar essa tendência, o mercado pode testá-las nas próximas semanas”, analisa. Para ele, a atual região é vista como um suporte para compras, com potencial de ganhos caso haja rompimento das resistências.
Azul [AZUL4]
No setor aéreo, Azul segue pressionada por uma tendência de baixa tanto no gráfico diário quanto no semanal. Borges destaca um ponto crítico: “Se a ação perder o suporte nos R$ 3,25, o movimento de baixa pode se intensificar consideravelmente”.
Caso esse cenário se confirme, o analista projeta alvos em R$ 2,02 e, no longo prazo, em R$ 1,50. “A confirmação dessa perda pode levar a uma desvalorização de cerca de 55%, um movimento bastante intenso para a companhia”, conclui.
Indicadores econômicos
Segundo Leandro Manzoni, economista do Investing, os indicadores econômicos brasileiros terão menor impacto na próxima semana, mas ainda são relevantes para o mercado doméstico. “Além do Boletim Focus na segunda-feira, os números dos PMIs industriais de março serão divulgados na terça e quarta-feiras. Outro dado relevante será a produção industrial de fevereiro, também na quarta-feira, enquanto o principal destaque ficará com a balança comercial de março, que poderá sinalizar uma recuperação após o déficit registrado em fevereiro”, avalia Manzoni.
Nos Estados Unidos, o índice de preços PCE, principal indicador de inflação do Fed, surpreendeu ao acelerar em fevereiro, reforçando preocupações sobre a trajetória da política monetária americana. Manzoni destaca que, apesar das projeções iniciais apontarem para dois cortes de juros ao longo de 2025, alguns membros do Fed já começam a revisar suas estimativas. “O mercado ainda espera três cortes de 0,25 ponto percentual ao longo do ano, mas autoridades como Raphael Bostic já reduziram suas previsões, o que pode afetar as expectativas futuras de investidores e empresas”, afirma o economista.
Diante desse cenário, os próximos dias serão cruciais para a definição do rumo dos mercados, especialmente com a influência dos desdobramentos da política comercial dos EUA e dos novos dados econômicos. A volatilidade deve permanecer alta, com investidores atentos a possíveis impactos no crescimento global e na política monetária americana.