Próxima semana tem Payroll e oportunidade em EMBR3

A partir das cartas de gestores e de pesquisa interna da XP Investimentos, o TradeNews teve acesso às perspectivas das principais gestoras de fundos do Brasil para o cenário político-fiscal do país do próximo ano

Panorama de 27 de junho a 4 de julho de 2025

O Ibovespa encerrou a semana com leve baixa de 0,18%, aos 136.865,79 pontos, pressionado pelo ambiente político doméstico. O recuo foi impulsionado principalmente pela tensão em torno do IOF: após o Congresso derrubar o decreto que aumentava o imposto, o governo sinalizou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar restabelecer a medida. O episódio trouxe insegurança jurídica e fiscal, impedindo uma recuperação mais consistente do principal índice da B3.

Para a semana entre 29 de junho e 4 de julho, os investidores devem adotar postura mais cautelosa, diante da agenda econômica esvaziada no Brasil e da pausa nos mercados dos Estados Unidos devido ao feriado de Independência. No radar interno, seguem os desdobramentos da disputa entre os Poderes sobre o IOF, enquanto no exterior, a atenção se volta à divulgação antecipada dos dados de emprego norte-americanos e a possíveis sinalizações do Federal Reserve sobre os juros.

Panorama do Ibovespa 

O Ibovespa caminha para completar 20 pregões oscilando dentro de uma faixa estreita entre 135.200 e 140.500 pontos, consolidando-se nesse intervalo após semanas de volatilidade. Apesar disso, o viés segue positivo, com diversos ativos relevantes do índice demonstrando força técnica.

“O mercado está se segurando bem na região das médias móveis, e alguns papéis começaram a ensaiar movimentos de alta nos últimos dias”, avalia Filipe Borges, analista técnico da NMS. Ele aponta que o rompimento da região dos 140.200 pontos pode abrir espaço para uma valorização mais robusta do índice, com alvos projetados entre 145 mil e 150 mil pontos. “Vejo espaço para retomada já na próxima semana”, completa.

Dicas de Trades

Embraer [EMBR3]

A ação da Embraer foi destaque recente na carteira recomendada da NMS, com entrada sugerida na faixa dos R$ 74,50. O papel encerrou o pregão praticamente no ponto de entrada, com projeções de parcial em R$ 78,90 e alvo final em R$ 99, o que representaria uma valorização em torno de 30%.

Segundo Borges, o ativo segue tecnicamente forte e sustentado por fundamentos sólidos. “A empresa anunciou uma encomenda firme de 60 jatos, o que representa uma receita de cerca de R$ 3,6 bilhões. Além disso, há cláusula para compra de outros 50 aviões, o que pode turbinar ainda mais a geração de caixa”, comenta. Ele destaca que a Embraer tem ampliado sua presença global e se mostrado mais resiliente no cenário atual.

Vale [VALE3] 

A mineradora Vale fechou a semana próxima das máximas recentes, mas ainda não confirma um movimento de compra, na avaliação de Filipe Borges. O analista segue atento à resistência de uma linha de tendência de baixa (LTB) que, se rompida, pode indicar uma reversão de tendência.

“Esse rompimento técnico seria um excelente gatilho de entrada, com potencial de levar a ação até os R$ 83,00”, explica. Ele destaca ainda a importância do suporte em R$ 48,50, considerado um ponto crítico de defesa, e projeta que a superação dos R$ 55,00 deve ser observada como sinal claro de virada positiva no setor de minério de ferro.

Hashdex Nasdaq Crypto [HASH11]

O ETF Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11) segue com desempenho técnico positivo, refletindo a força dos dois principais ativos que o compõem: Bitcoin e Ethereum. O fundo encerrou a semana em alta, acompanhando a valorização das criptomoedas, especialmente o Ethereum, que acumula alta de mais de 100% desde o último fundo.

“Apesar das oscilações recentes, o Ethereum mostra resiliência. Os holders de longo prazo – carteiras que mantêm o ativo há mais de um ano – nunca estiveram tão comprados. Já somam mais de 22 milhões de unidades”, afirma Borges. Ele também ressalta o caráter deflacionário do Ethereum após o merge, que reduziu sua taxa de emissão para cerca de 0,8% ao ano.

Com alvos traçados em R$ 98,00 e R$ 120,00, Borges vê oportunidades de compra entre R$ 70,00 e R$ 74,00. “A estrutura técnica e os fundamentos continuam sólidos, com Bitcoin e Ethereum representando quase 96% da composição do ETF”, conclui.

Indicadores econômicos

Com os mercados dos Estados Unidos fechados na sexta-feira (4) e com funcionamento reduzido na véspera, a semana será mais curta, mas recheada de indicadores importantes para os rumos da política monetária global. O destaque será a divulgação antecipada dos dados de emprego de junho, tradicionalmente conhecidos como payroll, que ocorrerá na quinta-feira (3), junto da taxa de desemprego.

Segundo Leandro Manzoni, economista da Investing, a expectativa do mercado é de uma leve desaceleração na geração líquida de empregos, de 139 mil em maio para 129 mil em junho, com manutenção da taxa de desemprego em 4,2%. “Mesmo com alguma perda de fôlego, o mercado de trabalho norte-americano segue sólido, o que deve adiar a decisão do Fed sobre iniciar os cortes de juros”, afirma.

A resiliência do mercado de trabalho se soma à persistência da inflação, medida pelo núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE), que subiu de 2,6% para 2,7% na comparação anual entre abril e maio. O PCE é o principal indicador de inflação monitorado pelo Federal Reserve. “Essa combinação de emprego aquecido e inflação persistente dificulta o início de um ciclo de cortes em julho”, avalia Manzoni.

Outro fator que adiciona complexidade ao cenário é a política comercial dos EUA. Estão em vigor tarifas adicionais para diversos países e setores, com alíquotas que podem subir ainda mais a partir de 9 de julho, caso não sejam firmados novos acordos bilaterais. “Há muita incerteza sobre os impactos inflacionários dessas tarifas e sobre como o Fed vai reagir a esse cenário”, diz o economista. Segundo ele, apenas uma piora significativa nos dados de emprego, como fechamento líquido de vagas ou alta brusca na taxa de desemprego, poderia antecipar cortes de juros já para a próxima reunião.

No Brasil, a agenda será mais leve em indicadores, mas a tensão política deve seguir no foco. O governo deve recorrer ao STF para tentar reverter a decisão do Congresso que barrou o aumento do IOF, criando novo ponto de atenção para os investidores em relação à condução da política fiscal.

Entre os dados previstos, o Banco Central divulga na segunda-feira os resultados do setor público consolidado de maio, além do Boletim Focus. Na terça, saem os dados do PMI industrial de junho medido pela S&P Global, enquanto quarta-feira concentra os PMIs composto e de serviços, e os dados de produção industrial de maio do IBGE. Já na sexta, será divulgado o IPP (Índice de Preços ao Produtor), também referente ao mês de maio.

No cenário internacional, além dos dados dos Estados Unidos, os olhos estarão voltados para o Fórum de Bancos Centrais promovido pelo BCE, que ocorre em Portugal e reúne importantes autoridades monetárias. Também na Europa, as prévias da inflação ao consumidor de junho da Alemanha e da zona do euro ajudarão a calibrar as expectativas para os próximos passos do banco central europeu.

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