Panorama de 16 a 21 de março
A semana entre os dias 16 e 21 de março será decisiva para os mercados globais, com a divulgação das taxas de juros pelos Bancos Centrais de Brasil, Estados Unidos, Japão, China e Reino Unido. A expectativa predominante é de manutenção das taxas em todas essas economias, mas os investidores estarão atentos aos comunicados e às declarações dos presidentes das instituições monetárias que tradicionalmente concedem entrevistas após as decisões.
Na quarta-feira (19), ocorre a chamada ‘Super Quarta’, termo utilizado no mercado brasileiro quando há anúncios simultâneos de política monetária pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Além dessas decisões, o Banco do Japão (BoJ) divulgará sua política monetária na madrugada de terça para quarta-feira (horário de Brasília), enquanto o Banco Popular da China anunciará sua decisão na noite de quarta-feira. Já o Banco da Inglaterra (BoE) apresentará sua taxa na manhã de quinta-feira.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa [IBOV] encerrou a semana com forte valorização, recuperando perdas das últimas quatro semanas e voltando a testar patamares elevados. Segundo Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, o índice atingiu um momento crucial no nível dos 129 mil pontos.
“Caso o IBOV rompa esse patamar, teremos dois sinais técnicos importantes: uma reversão de tendência com a formação de topos e fundos ascendentes no gráfico diário e o rompimento de uma linha de tendência de baixa (LTB)”, explica Borges. Ele ressalta que essa movimentação pode impulsionar o mercado nas próximas semanas, com um alvo projetado em 137 mil pontos.
No entanto, Borges alerta para a importância do suporte nos 122.400 pontos. “Se o índice perder esse nível, pode comprometer a trajetória de alta”, destaca o analista.
Dicas de Trades
Banco do Brasil [BBAS3]
As ações do Banco do Brasil também demonstram um viés positivo. O papel rompeu uma região de consolidação entre R$ 26,60 e R$ 27,70, encerrando a semana na máxima dos últimos 12 dias e sustentando-se acima dos R$ 28,00, nível de resistência anterior.
“O cenário técnico indica um alvo entre R$ 30,80 e R$ 34,00 nas próximas semanas”, projeta Borges.
Petrobras[PETR4]
Os papéis da Petrobras chamaram atenção ao respeitar médias móveis no gráfico semanal e formarem um padrão técnico de engolfo de alta. “Caso rompa a máxima da semana, vejo uma boa oportunidade de compra já na segunda-feira, com alvo principal em R$ 38,50”, analisa Borges. O stop-loss para a operação, segundo ele, deve ser posicionado abaixo dos R$ 38,70.
ETF Hashdex [HASH11]
O ETF Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice fechou a semana em uma região de forte suporte, o que pode indicar um momento propício para compras. “Para quem não tem posição, vejo uma excelente relação risco-retorno para a próxima semana”, afirma Borges.
Ele aponta que o rompimento dos R$ 67,30 pode representar um gatilho de compra, com stop abaixo dos R$ 61,80. “O primeiro alvo está em R$ 93,00, e o alvo final, a longo prazo, é de R$ 200,00 por unidade”, conclui o analista.
Indicadores econômicos
No Brasil, o mercado aguarda a confirmação do forward guidance estabelecido pelo Copom na reunião de dezembro, quando o colegiado indicou a possibilidade de duas altas consecutivas de 1 ponto percentual na taxa básica de juros. Com a decisão deste mês sendo a segunda desde essa sinalização, os investidores estarão atentos ao teor do comunicado e às perspectivas para os próximos encontros.
“Os principais pontos de atenção para a decisão do Copom envolvem a desaceleração da atividade econômica, o dólar mais baixo, uma trajetória de endividamento público mais controlada, mas ainda com risco fiscal, e um mercado de trabalho robusto”, analisa Leandro Manzoni, economista do Investing. Além disso, a inflação segue acima do teto da meta de 3%, com previsão de manutenção nesse patamar ao longo do primeiro semestre.
Nos Estados Unidos, a principal dúvida do mercado gira em torno da trajetória dos juros nos próximos meses. O consenso atual aponta para três cortes de 0,25 ponto percentual ao longo de 2025, impulsionados por uma possível desaceleração da economia norte-americana. “A confiança do consumidor tem caído, o mercado de trabalho está menos apertado e a inflação caminha, ainda que lentamente, para a meta de 2% ao ano”, destaca Manzoni.
No entanto, as ameaças e possíveis imposições de tarifas comerciais por parte do ex-presidente Donald Trump geram incerteza, podendo impactar a inflação e dificultar os planos do Fed. Por isso, o mercado acompanhará de perto as Projeções Econômicas do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que serão divulgadas junto com a decisão de juros na quarta-feira. “O documento deve esclarecer o quão cauteloso o Fed estará em relação a cortes, manutenções ou até eventuais altas de juros no curto prazo”, explica o economista.
Além das decisões dos Bancos Centrais, os investidores brasileiros acompanharão a continuidade da temporada de balanços de empresas listadas na B3, com destaque para os resultados do quarto trimestre de 2024 de companhias como Hapvida, Vivara, Cemig, Taesa, Energisa, Cyrela e Yduqs.