Próxima semana traz decisões da taxa de juros do Fed e BCE

Panorama para 12 a 16 de junho

Após mais uma semana positiva para o Ibovespa, principalmente com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio vindo bem abaixo do esperado – com alta mensal de 0,23% – os investidores brasileiros voltam suas atenções ao exterior, com as decisões de política monetária das principais economias do mundo batendo à porta.

A reunião do Federal Open Market Committee (Fomc) do Federal Reserve (Fed) acontece nas próximas terça-feira (13) e quarta-feira (14). 

O mais recente índice de preços PCE – medida preferida do Fed para inflação – acima do esperado e o mercado de trabalho ainda aquecido não devem mudar a cabeça dos policy makers – formuladores da política monetária – do Fed e a taxa deve permanecer estável na próxima reunião.

Também ocorre na semana que vem a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). A reunião ocorre na quinta-feira (15). 

Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos e da Zona do Euro também são divulgados na próxima semana, na terça-feira e sexta-feira, respectivamente.

Panorama da semana

No cenário externo, sinais de novos estímulos econômicos na China animaram os investidores, de acordo com o analista técnico Rodrigo Cohen. Esse movimento veio depois que o país divulgou dados mais fracos em sua balança comercial. 

Além disso, alguns bancos já começaram a sinalizar para a queda dos juros, o que pode beneficiar o Brasil, uma vez que é um grande exportador.

No Brasil, com o IPCA abaixo do esperado, o PIB forte e alguns membros do BC sinalizando para uma possível queda nos juros, o analista aponta que o corte na Selic pode vir já em agosto. 

Radar de Proventos

Na terça-feira (13), os papéis de Petrobras PN [PETR4], Tronox [CRPG5] e Banco do Brasil [BBSA3] ficam “ex-proventos”.

Isto sendo, investidores posicionados nas referidas ações até a última sexta-feira (12) terão direito aos proventos anunciados. 

Na quarta-feira (14), fica “ex” o papel de Indústrias Romi [ROMI3].

Por fim, na sexta-feira (16), fica “ex-proventos” JBS* [JBSS3].

*O relatório da Bloomberg aponta que as datas em que as ações marcadas ficam “ex-proventos” são apenas previsões, não estão confirmadas, estando sujeitas a mudanças.

Panorama do Ibovespa 

A sétima semana seguida de alta e o sexto pregão consecutivo com ganhos do Ibovespa ilustram o bom momento do mercado, disse Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research. 

Apesar da euforia, o analista alerta que em cenários como o atual – com avanços seguidos no índice – é preciso ter atenção nas compras de ativos, além de ser interessante trabalhar com uma gestão e/ou proteção do capital. 

“Para quem está comprado, vale a pena pensar em realização parcial dos lucros e colocar dinheiro no bolso.”

Em relação à análise gráfica, Filipe aponta que o mercado está testando uma LTB do canal de baixa no gráfico semanal. Entretanto, existe a possibilidade de buscar os 120 mil pontos nos próximos pregões. 

“Já o suporte do mercado está apenas nos 114 mil pontos.”

Dicas de Trades

Vale [VALE3]

Para trades na semana que vem, Filipe indicou que VALE3 foi uma dos únicos papéis a não aproveitar a onda de alta no mercado. 

O ativo se encontra em uma forte região de suporte, em consolidação de preço que vem desde 2021, disse o analista.

Filipe avalia que a ação vem repetindo os movimentos anteriores e apresenta um upside em torno de 30% para as semanas seguintes.

Equatorial [EQTL3]

Outro ativo a se observar é EQTL3, o qual continua em tendência de alta, com rompimento do pivô com alvos em R$ 32,40 e R$ 34,20. 

“Para controle da posição, é bom colocar stop abaixo de R$ 27,20.”

Nubank [NUBR33]

Por fim, NUBR33 é mais um papel que pode render negócios para a semana que vem. Filipe afirmou que o ativo segue em tendência de alta, com alvos entre R$ 6,40 e R$ 7,70. 

Caso o investidor já esteja posicionado na BDR, o analista recomenda que seja posto um stop abaixo do candle semanal em R$ 5,50, “para proteger os lucros”.

Indicadores Econômicos

Em semana decisiva para os rumos das grandes economias do mundo, os CPIs dos EUA e da Zona do Euro devem ficar em primeiro plano, assim como as decisões de política monetária do Fed e do BCE.

Segundo Marco Ferrini, analista de macroeconomia da Benndorf Research, o Fomc deve manter a taxa de juros no mesmo patamar, entre 5% e 5,25%, em sua próxima reunião. 

Mesmo com a alta recente do índice de preços PCE – indicador de inflação favorito do Fed – Marco aponta que o BC americano deve manter a taxa estável para aguardar os efeitos dos aumentos anteriores na economia, além de esperar uma desaceleração no mercado de trabalho. 

Já o CPI do país deve começar a perder ritmo, por conta do preço menor das commodities, o analista explicou. 

“Entretanto, o núcleo deve permanecer elevado, refletindo a demanda sólida por serviços e o mercado de trabalho ainda bastante robusto, com salários elevados.”

Na Zona do Euro, a postura quanto aos juros deve ser diferente. Segundo projeção da Bloomberg, o BCE deve aumentar mais uma vez sua taxa básica em 0,25 p.p. 

A inflação do bloco deve começar a reduzir, também por conta da queda das commodities, especialmente as energéticas, como petróleo e gás natural, muito afetadas pelo início da guerra na Ucrânia, explicou Marco.

“Ao mesmo tempo, esperamos que o núcleo permaneça próximo à estabilidade, com algum viés de queda causado pela atividade industrial bastante deprimida e um pouco de perda de ritmo dos serviços.”