O dólar terminou em queda de 1,04% diante do real nesta segunda-feira (11), o que acabou influenciando o desempenho de diversas ações no pregão, tanto positiva quanto negativamente.
Decerto, toda vez que a moeda americana sobe ou cai, vira notícia nos principais veículos de economia mundiais. Entretanto, o que muita gente não sabe é que existe uma diferença entre o valor do dólar que se vê nas casas de câmbio e bancos e o preço relativo entre as duas moedas.
Real x Nominal
Basicamente, a taxa nominal equivale à relação direta entre duas moedas; no caso do Brasil e desta reportagem, entre o dólar e o real.
Essa associação indica o preço do ativo financeiro e é aplicada em bancos e casas de câmbio. Por exemplo, a partir do fechamento de hoje, o investidor precisa de R$ X para comparar um dólar. Esta relação é chamada de nominal.
Já a taxa real tem seu cálculo baseado na inflação de ambos países que utilizam os câmbios os quais se deseja relacionar.
Para calcular esse valor, é preciso multiplicar a taxa de câmbio nominal pela inflação no exterior – neste caso, dos Estados Unidos – e, posteriormente, dividir o resultado pela taxa de inflação doméstica.
Vale lembrar que estas definições não são apenas para a relação entre real e dólar e podem ser utilizadas para se comparar quaisquer câmbios do mundo.
Como investidor, qual taxa devo acompanhar?
Para Rodrigo Correa, estrategista da Nomos, o investidor brasileiro precisa se atentar à taxa real. Ele explica que a taxa nominal acaba ficando defasada, porque não se desconta a inflação.
“Acho que isso vale não só para a taxa de câmbio, mas para qualquer outro tipo de índices macroeconômicos que você olhe”, afirmou.
O futuro da relação dólar x real
Rodrigo indica que o futuro desta associação depende de diversas variáveis. Em uma avaliação menos complexa, esta relação envolve as avaliações dos cenários econômicos brasileiro e americano. Entretanto, ele explica que existem diversos outros fatores que acabam influenciando este “casamento”.
“Por exemplo, o Brasil é um mega exportador de commodities. Se a commodity bomba, o Brasil vai super bem e o nosso real se aprecia”, iniciou, “às vezes [essa valorização é resultado] de um terceiro [país] que não é nem os Estados Unidos nem o Brasil”.
No entanto, o especialista sinaliza que existem certos indicadores que o investidor pode acompanhar de mais perto para entender como anda a relação entre o dólar e o real.
Um deles é o diferencial de juros. Atualmente, o Brasil entrou em um ciclo de queda na Selic, enquanto os EUA devem dar uma pausa no aumento dos juros por lá, disse ele. Segundo Rodrigo, isto tende a desvalorizar o real frente ao dólar.
Porém, ele explica que outro fator importante pode favorecer o real frente ao câmbio americano.
“O Brasil não está num cenário, para os próximos 12 meses, de nenhuma crise econômica, [já] os Estados Unidos estão às portas, muitos dizem e eu próprio acredito, de uma recessão.”
Para ele, esse fator cria uma tendência para que o dólar se enfraqueça e o real se fortaleça.
Por outro lado, cenários como este também trazem aversão ao risco aos investidores, o que acaba os afastando de mercados emergentes como o brasileiro.
Em paralelo, caso uma crise seja evitada e os EUA entre em um cenário de soft landing – isto é, quando uma economia evita uma recessão ao fazer a transição de um crescimento mais rápido para um estado potencialmente estável —, a tendência é que esta possível depreciação do dólar não seja tão forte.
Por fim, a visão de Rodrigo, para os próximos 12 meses é de um real mais forte diante do dólar. Para o especialista, é possível que a moeda brasileira chegue na região dos R$ 4,50 e flutue ao redor disso no horizonte do próximo ano.