Os fluxos de caixa diários em junho mostram como o Tesouro pode ter que escolher quais contas pagar.
Em questão de semanas, os EUA podem se tornar incapazes de pagar as contas do país. O presidente Biden e o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, planejam continuar a se encontrar esta semana depois que um impasse sobre o aumento do teto da dívida interrompeu as negociações na manhã de sexta-feira (19).
Neste ano fiscal, o governo federal gastará cerca de US$ 1,5 trilhão a mais do que arrecada em receita. Ele cobre esse déficit com empréstimos.
Se o Congresso não aumentar o teto da dívida, o governo federal não conseguirá cumprir todas as suas obrigações de gastos, como juros da dívida existente, benefícios da Previdência Social ou salários militares.
Isso representaria um calote sem precedentes com consequências econômicas desconhecidas e potencialmente graves.
A linha do tempo abaixo mostra como isso pode acontecer. Usando estimativas de fluxo de caixa do Bipartisan Policy Center, mostra como o saldo de caixa do Tesouro aumenta com a receita e diminui com os pagamentos.
Projeção dos fluxos de caixa diários do Tesouro, em bilhões
1º DE JUNHO: Se o Tesouro terminar maio com um saldo de caixa igual ou próximo de zero, atingirá a data X no dia 1º de junho, quando os gastos projetados excedem a receita em US$ 75 bilhões.
O Tesouro teria que deixar de pagar alguns dos pagamentos planejados para aquele dia, como os US$ 47 bilhões destinados ao Medicare.
2 DE JUNHO: US$ 25 bilhões em benefícios da Previdência Social devem ser pagos em 2 de junho. Se a data X for alcançada, alguns ou todos esses pagamentos podem ser perdidos, a menos que o Tesouro os “priorize”.
Isso significaria reduzir outros pagamentos, como Medicare, Medicaid, benefícios para veteranos e salários e pensões militares.
15 DE JUNHO: O Tesouro está programado para receber US$ 79 bilhões em receita fiscal dos contribuintes trimestrais.
Se essa receita for usada para pagar contas vencidas no início do mês, o Tesouro perderá um pagamento de juros de US$ 2 bilhões, o que pode atrapalhar os mercados financeiros. Para evitar isso, o Tesouro pode reter outros pagamentos.
5, 12, 20 e 26 DE JUNHO: Se os pagamentos, como o Seguro Social, forem priorizados, sobra ainda menos dinheiro para cumprir outras obrigações.
Isso inclui US$ 1 bilhão de benefícios do Programa de Assistência Nutricional Suplementar – SNAP (vale-refeição) – com vencimento em 5, 12, 20 e 26 de junho. Outros incluem Medicaid, Obamacare e pensões de veteranos e funcionários públicos.
30 DE JUNHO: Em 30 de junho, o Tesouro deve fazer US$ 98 bilhões em pagamentos, incluindo US$ 12 bilhões em juros, enquanto arrecadará apenas US$ 18 bilhões em receita.
Entretanto, usando as chamadas medidas extraordinárias, o Tesouro poderia emitir US$ 145 bilhões em novos títulos do Tesouro, permitindo-lhe fazer a maior parte desses pagamentos.
—
A linha do tempo acima pressupõe que o Tesouro comece o mês de junho com um saldo de caixa zero, embora possa ser mais alto. A data X é alcançada quando se prevê que esse saldo de caixa caia abaixo de zero, forçando o Tesouro a interromper alguns pagamentos.
Shai Akabas do Bipartisan Policy Center alerta que o Tesouro pode enfrentar dificuldades para pagar contas e permanecer abaixo do teto da dívida mesmo antes desse ponto, pois à medida que os níveis de caixa diminuem, “torna-se muito difícil para eles conciliar tudo”.
(Com The Wall Street Journal)
(Título original: When Could the U.S. Default Without a Debt Ceiling Deal?)