B3 [B3SA3], BB Seguridade [BBSE3], Equatorial [EQTL3] e Ferbasa [FESA4]. O que essas empresas têm em comum? Todas elas nunca reportaram prejuízo e sempre foram donas de fundamentos sólidos, segundo o head de análise fundamentalista da Benndorf Research, Niels Tahara, que selecionou quatro companhias listadas na bolsa que sempre reportaram lucro.
B3 [B3SA3]
Uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro do mundo, a B3 se beneficia de um “ambiente parecido com o de um monopólio”, de acordo com Tahara.
A exclusividade da empresa no setor de infraestrutura financeira do Brasil permite margens largas e grande geração de caixa. O crescimento da companhia também é impulsionado pelo aumento da penetração de investimentos na população do país, segundo o analista.
No 4T22, a B3 reportou resultados mistos na visão da Benndorf, com os volumes no trimestre sendo beneficiados pela volatilidade das eleições. A companhia atingiu R$ 1,15 bilhões de lucro líquido no período, uma queda de 6,3% se comparado ao 4T21.
BB Seguridade [BBSE3]
Ainda entre as listadas no Ibovespa, BB Seguridade nunca registrou prejuízo. De acordo com Tahara, a companhia é beneficiada pela penetração no ambiente de crédito no Banco do Brasil [BBAS3], “além de ter resultados resilientes em diversos cenários econômicos, uma vez que seu resultado financeiro se beneficia de períodos de altas taxas de juros, o que acaba permitindo a empresa performar bem mesmo em cenários mais adversos do ponto de vista econômico.”
Além disso, o analista aponta que a operação de distribuição também possui ótimas rentabilidades, permitindo que a empresa sempre gere lucros sólidos e crescentes, dado a tendência de aumento da penetração dos seguros ante o PIB no Brasil, que ainda é baixa.
No 4T22, a BB Seguridade entregou “mais um bom resultado”, de acordo com a Benndorf, fechando um “ótimo ano” de 2022. Entre os principais drivers de valor do case, a casa de análise destaca o crescimento dos prêmios, a melhora da sinistralidade e o bom desempenho nos prêmios ganhos retidos.
O último balanço da companhia apresentou R$ 1,81 bilhões de lucro líquido, um crescimento de 47,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Equatorial [EQTL3]
Com um um histórico “excelente” e “bem consolidado” de gestão, a Equatorial anunciou lucro líquido com alta de 11,8% no terceiro trimestre, de R$ 494 milhões para R$ 553 milhões no comparativo anual.
Além do destaque na gestão, “por atuar em um setor que possui alta previsibilidade e com reajustes de contrato de inflação”, a Equatorial apresenta resultados sólidos e constantes, afirma Tahara.
Outro fator positivo é a “excelente alocação de capital”, complementa Niels. Segundo ele, a companhia está sempre investindo em projetos com ótimas taxas de retornos, contribuindo também para o próprio crescimento.
A Equatorial reportará os resultados do quarto trimestre de 2022 em 23 de março.
Ferbasa [FESA4]
Fora do Ibovespa, a Ferbasa nunca teve prejuízo anual, devido à verticalização da cadeia produtiva, desde o minério de cromo até o coque e parte da energia consumida no processo de produção, explica Niels.
Devido a essa estrutura, a variação dos principais insumos não afeta de maneira significativa a margem da companhia, mesmo em situações de baixa no preço das ferroligas e alta no preço dos insumos.
Tais fundamentos levam a Ferbasa a possuir margens “bastante elevadas em ciclos favoráveis”, afirma o analista, porém, com a manutenção de margens ainda em terreno positivo em momentos desfavoráveis.
Além disso, “a política de não usar muitos instrumentos financeiros leva a empresa a ficar menos vulnerável às volatilidades do mercado que poderiam levar a um resultado financeiro negativo, influenciando no lucro líquido final, conforme acontece com empresas produtoras de outros tipos de commodities”, conclui o analista.
No último balanço, a Ferbasa reportou um resultado pior que os anteriores, reflexo, principalmente, da queda nos preços das ferroligas, segundo a Benndorf, decorrente da menor demanda no período. Apesar disso, a empresa ainda obteve lucro de R$ 910 milhões, alta de 124,1% na comparação anual. A companhia divulgará os resultados do 4T22 nesta segunda-feira (06).
Lucro = bom investimento?
Uma empresa nunca ter dado prejuízo não significa necessariamente que ela será um bom investimento em qualquer cenário, afirma Niels Tahara. “Para se avaliar um investimento é preciso entender qual a taxa de retorno do mesmo e, para isso, é preciso levar em consideração o preço da ação x o valor (valuation)”, afirma ele.
O analista explica que pode acontecer de uma ótima empresa com ótimos resultados já estar precificada a um valor que não traz uma taxa atraente de retorno. Ele reitera que é necessário identificar as oportunidades de acordo com o momento.
Segundo Tahara, bons resultados corporativos não estão diretamente relacionados a boas oportunidades. “Se alguém comprar um Corolla, que é um excelente carro, mas pagar o preço de uma Ferrari, vai ter feito um péssimo investimento”, compara o analista.