Isabela Jordão
As ações da Eletrobras [ELET3;ELET6] subiram 1,52% nesta sexta-feira (12). Investidores repercutiram o anúncio de uma oferta pública de 60 milhões de ações da ISA CTEEP [TRPL4] – que foram destaque de baixa no Ibovespa, com 4,8% de queda – pela Eletrobras, que detém 35% do capital social da empresa.
A oferta será exclusivamente para investidores profissionais e não vai incluir procedimentos de estabilização de preço. O volume inicial é de 60 milhões de ações da CTEEP, com lote adicional de até 70 milhões de ativos, a depender da demanda. O preço por ação ainda será definido, após o procedimento de bookbuilding.
Caiu à toa
Na visão da equipe de análise da Benndorf Research, a reação negativa sobre TRPL4 não tem fundamento. A venda das ações da Eletrobras não terá impacto sobre a capacidade operacional ou a saúde financeira da CTEEP, disseram os analistas em relatório, distribuído com exclusividade aos clientes da Nomos Investimentos.
“Trata-se de um movimento natural e esperado, uma vez que será um grande número de ações a serem vendidas em um curto espaço de tempo, combinado com a falta de estabilização de preços nessa oferta.” Em nomenclatura técnica, aconteceu um overhang sobre a ação nesta sexta-feira. “Entendemos que esses movimentos são de curto prazo e tendem a se estabilizar”, acrescentam.
Graficamente, ELET6 vem retomando altas no gráfico semanal, segundo o analista técnico Filipe Borges. Trata-se de um papel cuja característica é ficar lateralizado por algumas semanas para, então, acelerar.
“A gente observa topos e fundos ascendentes no gráfico semanal”, com uma cunha de longo prazo, “que não impactaria numa resistência já no curto prazo”. Caso a ação confirme o rompimento de R$ 47,20, há espaço para o papel buscar patamares entre R$ 52 e R$ 55.
Já TRPL4 permanece entre R$ 24,50 e R$ 27 mesmo com o tombo desta sexta-feira. “Quando a gente olha o gráfico semanal, não há mudança” no padrão de consolidação. Filipe recomenda esperar o rompimento da resistência, na faixa de R$ 27,50, para pensar em compras.
Quem sai ganhando
A oferta das ações da CTEEP diz muito mais sobre a Eletrobras, que é a grande beneficiada pela operação. Ela tentou realizar o procedimento pela primeira vez em outubro de 2023, após vender a participação na Copel [CPLE6] em setembro do mesmo ano, levantando R$ 125 milhões.
A venda da participação na CTEEP pode render entre R$ 1,5 bilhão, na oferta base, e mais de R$ 3 bilhões considerando o possível lote adicional, estima Gustavo Wolf, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital.
Além da entrada bilionária no caixa da Eletrobras, a operação é positiva porque TRPL4 está atualmente negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) de 5%, muito baixa em comparação ao resto do setor de energia, no qual a média é de 10%, explicou Wolf. “A gente acha a CTEEP cara”, apesar da estabilidade operacional e financeira.
Ou seja, a Eletrobras vai se desfazer de um investimento que compensa pouco.
É um desinvestimento alinhado ao planejamento estratégico definido no âmbito da privatização, que incluía a venda de ativos core – não ligados à operação principal – e sem sinergias para a empresa, completa o relatório da Benndorf.
Onde investir
Na visão de Gustavo Wolf, a Eletrobras é a companhia mais subavaliada do setor de energia. Assim, o recurso de venda da CTEEP “é bem positivo para a Eletrobras, porque ela pode alocar esse capital em um retorno mais alto, seja nos projetos da companhia, ou até na própria ação”.
A Eletrobras anunciou um programa de recompra no início de julho, de aproximadamente 10% do valor de mercado da empresa. “Vender uma participação em uma ação que está com TIR real de 5% para comprar a sua própria ação, fazer a recompra de uma TIR real de 15%, é muito positivo”, aprofunda Wolf.
A Meraki Capital tem posição em papéis da Eletrobras e está otimista com o negócio. “Muito por conta desse valuation bastante atrativo, perto de 15% da TIR real, mas também pelo que está acontecendo com a companhia.” Desde a privatização, justifica Wolf, a Eletrobras está buscando simplificar a operação.
ELET3 também integra a carteira Max Dividendos, desenvolvida exclusivamente para a Nomos.