Renda fixa privada recua e fundos já entregam abaixo do CDI

tesouro direto
por Luís Gustavo Novais

 

Os títulos de renda fixa de crédito privado mostraram um rendimento bem acima do CDI ao longo de 2024; contudo, desde outubro, foi observado um arrefecimento nos rendimentos, e o fator determinante foi a abertura no spread de crédito privado, que é a diferença da rentabilidade dos títulos de renda fixa em relação ao CDI.

Ativos de crédito privado, em tese, rendem acima do CDI, já que oferecem mais risco ao investidor. Por exemplo: se o spread de uma debênture é de 0,5%, significa que o título rende CDI+0,5%.

Quando a demanda por títulos de crédito privado é alta, o que aconteceu ao longo do ano, o spread cai.

Dessa maneira, os títulos apresentaram um rendimento acima do esperado nos últimos meses justamente pela queda do spread. “Isso fez com que diversos fundos de crédito, em especial os fundos ‘hedgeados’, tivessem rendimentos bem acima do CDI”, comentou Diogo Donner, estrategista de produto da Nomos.

A incerteza ao redor da renda variável e dos fundos multimercados levou a uma grande “debandada” para os fundos de renda fixa, em busca de um “porto seguro”, o que gerou uma captação recorde na indústria de fundos de renda fixa em 2024, impactando diretamente o spread de crédito.

Capitação Fundos de Renda Fixa 2024 [Fonte: Nomos Investimentos]
Além disso, em fevereiro deste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) implementou uma mudança na regulação para a emissão de títulos isentos de imposto, como CRIs e CRAs. A nova regra permite que apenas empresas diretamente ligadas ao agronegócio ou ao setor imobiliário emitam esses títulos, excluindo as instituições financeiras, como bancos, que anteriormente tinham autorização para emitir CRIs e CRAs.

Com a redução na oferta de ativos isentos, a demanda pelos títulos negociados sob a regulamentação antiga no mercado secundário aumentou, resultando em uma queda ainda maior do spread de crédito.

“Olhando para o futuro, é difícil que esse cenário se repita, e esperamos um ajuste nos spreads de crédito. Em outubro, já observamos alguns fundos performando abaixo do CDI, o que pode se repetir nos próximos meses”, enfatizou Diogo. 

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