Definir a parcela da carteira que será destinada à renda variável (RV) é um passo chave para colher bons frutos no futuro. Para isso, “a melhor maneira é pensar qual valor financeiro você aceitaria perder em um investimento”, afirma Leandro Vasconcellos, head da mesa de alocação da BRA BS/.
“Se está investindo R$ 100 mil e aceita perder no máximo R$ 5 mil, sua parcela em renda variável não pode ser maior do que 5%”, pontua.
Identificar o perfil de risco é a primeira etapa para garantir que as expectativas do investidor sejam alcançadas. A partir do perfil, o segundo passo é buscar o percentual de ações para alocação.
Para um perfil conservador, Beto Saadia, planejador financeiro e especialista em alocação da BRA BS/, pontua que “talvez o ideal seja não ter nada de renda variável”. Já para os investidores de perfil moderado, Beto diz que “é interessante uns 15% em RV”. Àqueles que preferem ser mais arrojados, o planejador sugere 30%.
O especialista em alocação relembra que em 2022 houveram papéis na bolsa que valorizaram muito, enquanto outros caíram quase 80%. “Esse método evita que o investidor cometa erros.”
Questão de idade?
Outra opção é utilizar o “Método do 80”, que correlaciona a idade do investidor ao percentual de alocação em renda variável. “É uma regra de ouro bem usada nos Estados Unidos”, comenta Beto.
O resultado da diferença entre 80 e a idade do investidor é o percentual que deve ser alocado em renda variável. Ou seja, se a pessoa tem 50 anos, 30% do seu patrimônio deve estar em RV.
Beto afirma que usa o Método do 80 em conjunto à análise de perfil para obter maior assertividade. A técnica parte da premissa de que, por volta dos 80 anos, o indivíduo já não investe mais em RV, pois já está usufruindo dos rendimentos que acumulou durante a vida, além de levar em conta o fator amadurecimento.
O perfil muda ao longo da vida
“O apetite por risco muda ao longo das fases da vida do investidor, e é muito natural que com mais capital acumulado, mais experiência e autoconhecimento, esses percentuais se ajustem para cima ou para baixo ao longo do tempo”, diz Leandro.
Beto explica que geralmente essa mudança ocorre por três motivos: idade, questões emocionais e eventos adversos. Com a idade, o indivíduo tende a ficar mais conservador, afirma ele, e “muita gente entende que é interessante reduzir o percentual de renda variável para diminuir o risco.”
Também pode acontecer de algumas vivências alterarem a perspectiva do investidor sobre o futuro, mudando também seu perfil de investimentos – afinal, isso está diretamente relacionado às prioridades e ao momento de vida.
O terceiro caso é uma eventual necessidade imediata de recursos, como uma dívida inesperada ou uma doença. “Se você está com horizonte de longo prazo, mas por alguma circunstância da vida não pode mais pensar nesse horizonte, a partir desse momento você vai ter que utilizar aquele recurso num prazo bem menor, num curto ou médio prazo”, pondera Beto. “Isso já é um motivo também para reduzir a renda variável.”