Os investidores têm observado (certamente com bons olhos) elevações recorrentes nos rendimentos das principais aplicações de renda fixa nos últimos meses – especialmente nas que demandam um horizonte de investimento de mais longo prazo.
Na última quinzena, o rendimento dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) pós-fixados com vencimento superior a três anos aumentou para uma média de 102,84% do CDI, frente a uma taxa anterior de 101,43% do CDI.
Foi o maior aumento de remuneração entre os CDBs pós-fixados de uma quinzena para a outra, segundo levantamento realizado pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney. Os números consideram o período entre os dias 6 e 17 de junho. Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
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Os pós-fixado são o tipo mais comum de CDB disponível no mercado. Neles, o investidor sabe que indicador servirá de referência para a rentabilidade do papel desde o momento da aplicação. Mas não é possível ter certeza de qual será o retorno em reais, porque ele seguirá a dinâmica de variações do indicador. O retorno normalmente é expresso como um percentual da taxa do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), índice referência para investimentos de renda fixa.
Dentre os CDBs com prazos de três anos ou mais, a remuneração máxima encontrada ao longo da quinzena foi de 115% do CDI, oferecida pelo Banco Modal, também superior à de 110% do CDI verificada na quinzena entre os dias 23 de maio e 3 de junho.
Também subiu a rentabilidade dos CDBs de curtíssimo prazo, com vencimento em apenas três meses. Nesse caso, a taxa média alcançou 102,62% do CDI, ligeiramente acima dos 102,51% registrados na quinzena anterior.
Já as taxas médias dos CDBs com vencimentos intermediários – em seis, 12 ou 24 meses – apresentaram leve recuo. Confira os detalhes na tabela abaixo:
Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 6 a 17/06)
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | CDI | 100% | 102,62% | 105,25% | 43 | BTG Pactual |
6 | CDI | 97,50% | 101,70% | 105,50% | 30 | BTG Pactual, ABC Brasil |
12 | CDI | 90% | 101,06% | 108% | 28 | Haitong |
24 | CDI | 98% | 99,11% | 101% | 19 | BNB |
36+ | CDI | 96% | 102,84% | 110% | 20 | Banco Modal |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em meio ponto percentual, para 13,25% ao ano. Um relatório da equipe de renda fixa da XP indica que, considerando os preços de mercado, a taxa Selic precificada é de 13,96% ao ano ao final de 2022. A XP, assim como a maior parte das instituições financeiras, projetam que o ciclo de elevação encerre com os juros a 13,75% ao ano.
Dado que, a essa altura, boa parte do mercado considera que o “grosso” da elevação da Selic já aconteceu, alguns CDBs passaram a oferecer percentuais do CDI mais altos, de modo a manter a atratividade dos papéis, avalia Rodrigo Caetano, analista de investimentos da Toro.
No comunicado divulgado junto com a decisão sobre os juros, o Copom sinalizou que poderá promover mais uma elevação da Selic na reunião de agosto, de igual ou menor magnitude que a realizada na semana passada.
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
12 | IPCA | 5,76% | 6,65% | 7,08% | 139 | BTG Pactual |
24 | IPCA | 5,50% | 5,83% | 6,37% | 21 | BTG Pactual |
36+ | IPCA | 5,10% | 5,58% | 6,10% | 13 | BTG Pactual |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
O que esperar para os próximos dias
Detalhamentos das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos – onde o Fed (Federal Reserve, banco central americano) também elevou os juros, mas em 0,75 ponto percentual – estão no radar dos investidores nesta semana.
Localmente, a ata da última reunião do Copom será publicada nesta terça-feira (21), podendo trazer novas informações sobre as próximas decisões e o ponto terminal da Selic. A visão do comitê sobre o cenário também será destrinchada um pouco mais em uma coletiva de imprensa sobre política monetária prevista para quinta-feira (23). O Relatório Trimestral de Inflação do BC completo sairá na semana que vem.
Ainda no cenário doméstico, sai na sexta-feira (24) o resultado do IPCA-15 de junho, importante para monitorar o ritmo de avanço da inflação. O indicador é considerado uma prévia da inflação oficial. O Itaú antecipa um aumento mensal de 0,74%, levando a taxa anual a 12,10% (de 12,20% em maio). Já o Bradesco espera uma alta mensal de 0,73%.
Lá fora, os destaques serão os discursos de dirigentes do Fed repercutindo a decisão alta de juros. “Além disso, teremos a decisão de juros da China, a divulgação da inflação ao produtor da Alemanha em maio e a prévia de junho de índices de gerentes de compras (PMI) de países desenvolvidos”, aponta relatório da XP.