A consistência nos retornos e o exemplo de Buffett

DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

A maior arma para se crescer o patrimônio é a consistência nos retornos. Nenhuma outra estratégia será mais benéfica para construir um patrimônio do que ter um ganho ou rentabilidade positiva, consistente e regular. É, por exemplo, melhor sempre estar no primeiro quadrante de rentabilidade com consistência do que eventualmente ter um ano com a melhor rentabilidade de todas, seguida de anos medianos ou até negativos. Gerar um patrimônio é uma maratona e não uma corrida de 100 metros.

Preâmbulo teórico (o poder dos juros compostos no tempo)

Uma equação simples explicita como os patrimônios crescem:

Naturalmente, com essas variáveis, quanto maior o(a):

patrimônio inicial (Pt);
horizonte do período (X);
rentabilidade média ();

…tudo o mais constante, maior será o patrimônio final.

Sobre o patrimônio inicial, vale lembrar que não escolhemos com quanto começamos a vida, quando muito, nos é dado algo diferente de zero (herança). Para a maioria, esse patrimônio inicial é igual a zero. Assim, nos sobram duas variáveis:

o horizonte: comece o mais cedo que puder;

– a rentabilidade média : aqui está o foco desse artigo.

A maioria desconhece (ou não se lembra mais, pois em algum momento aprendeu nas aulas de matemática sobre progressões geométricas), que pequenas variações na rentabilidade podem fazer toda diferença no resultado acumulado quando consideramos longos períodos. Isso vale para o bem e para o mal. Então o foco é ter uma boa rentabilidade, mas não necessariamente a melhor de todas, se isso lhe custar a consistência.

Nos gráficos abaixo, simulo a construção de patrimônio, saindo do zero e poupando-se R$ 1000 / mês, a algumas taxas reais (além da inflação). Abaixo, no gráfico 1, seguem os resultados finais e o quanto vem dos aportes e o quanto dos juros. No gráfico 2, comparo os cenários de taxas de rentabilidade médias em termos de patrimônio final e do quanto os juros compõe o resultado final.

Em resumo, +1% aa são multiplicados, na média, a cada 5 anos em 2,6x, no término do horizonte.

De maneira explícita, o efeito de +1% aa na rentabilidade, entrega no patrimônio final, em:

Por exemplo, você que é jovem e investir regularmente por 40 anos, terá um patrimônio 22,0% maior que teria se tiver apenas 1% aa a mais de rentabilidade por ano. Um mísero por cento ao ano a mais, em 40 anos reflete um aumento patrimonial de 22%. Acredita?

Se você já não é tão jovem, por exemplo, tem 45 anos, começar agora, 1% aa a mais te entregará em 20 anos 10,5% a mais no seu patrimônio, tudo o mais constante. Um porcento, significa 10 por cento.

Não é tão intuitivo, mas o poder dos juros compostos é simplesmente gigantesco.

Deixemos de lado esses cálculos áridos e vamos a um exemplo real.

Buffett e sua estratégia de estar absurdamente certo 1 vez a cada 5 anos

Essa semana saiu um artigo no Wall Street Journal falando de Warren Buffett sobre suas considerações sobre o que o levou a ter o desempenho estelar que teve ao longo de sua vida. A resposta é bastante pé no chão e coerente, mas também ao mesmo tempo, gera surpresa para muitos.

Ele, em resumo, declara que o seu resultado foi fruto de 12 boas decisões de investimentos, uma a cada 5 anos (aproximadamente), ao longo de seus 60 anos como investidor profissional. Acredita nisso? 1 excelente decisão a cada 5 anos…

Acertar uma decisão de investimento a cada 5 anos te leva ao olimpo global entre os maiores investidores de todos os tempos!

Isso tem a ver com consistência nos retornos.

O senhor Buffett é creditado por ter dito certa vez sobre suas duas regras de investimentos:

“REGRA #1 – não perca dinheiro;

REGRA #2 – não esqueça a regra #1”

Se somarmos as duas informações, chegamos a sua estratégia completa:

• primeiro, perdão pela brutal franqueza, não faça cagadas ou besteiras com seu dinheiro. Ou seja, invista com cuidado, para o longo prazo, em coisas que você conhece e tem um mínimo de expectativa controlada (por conhecer a natureza do investimento);
• segundo, de tempos em tempos, acerte grande e aproveite tais investimentos.

Esse é o jeito Buffett de investir, por ele mesmo. Seus resultados falam por si só.

Observe a incrível consistência do portfólio.

Nessa amostra, há 46 anos de histórico:

– 25 deles (54% dos anos), com retornos acima de 20% em USD – super retornos;
– 05 deles (11% dos anos), com retornos acima de 10% e menor que 20% em USD – retornos respeitáveis;
– 10 deles (22% dos anos), com retornos acima de -5% e menor que 10% em USD – retornos medíocres;
– 6 deles (13% dos anos), com retornos negativos.

E vale lembrar, em um portfólio massivamente de ações, teve pouquíssimos anos realmente negativos. Praticamente todos os anos de queda foram seguidos de anos de alta, com exceção da grande crise de 2008-09.

Não à toa, com 24% de retorno por ano em USD, é considerado o maior investidor de todos os tempos.

Vamos escutá-lo e aprender com ele?

Conclusão

Você não precisa ser espetacular todo tempo. Aliás, em investimentos, ninguém consegue tal façanha. E quanto mais ações você considerar ter em portfólio, mais volátil deverá ser seu portfólio. O melhor investidor do planeta (aqui, novamente, tomo Buffett como exemplo) só precisou ser excepcional 1 vez a cada 5 anos para ser considerado o Pelé dos investimentos. E no restante do tempo, não fazer besteira, ou seja, não perder dinheiro permanentemente.

Isso deveria nos dar tranquilidade, nos ensinar a sermos pacientes e a apostar grande quando a convicção alta chegar. E os juros compostos farão o resto.

Como tem sido a consistência nos retornos de seus investimentos?

Se precisar de ajuda com estratégias para ser mais consistente em seus resultados, não hesite em nos contatar. Teremos prazer de revisar sua estratégia para seu portfolio crescer com mais consistência.

Bons investimentos!