“Saída precipitada”: quando terá fim a recuperação judicial da Oi [OIBR3]?

A história entre Oi [OIBR3] e processos de recuperação judicial (RJ) já é de longa data. Iniciada a primeira RJ em junho de 2016, o mercado acreditava que, em dezembro, a tela preta com a palavra “FIM” havia aparecido no final do ano passado. Aparentemente, todos desligaram a TV antes dos créditos começarem.

O filme, ou melhor, a série ganhou mais um capítulo (ou será temporada?): a telefônica entrou com outro pedido de recuperação judicial na noite de quarta-feira (01).

“A percepção é que a saída da [primeira] RJ foi precipitada, uma vez que a empresa ainda sofre com a queima de caixa e que seu principal ativo, a V.tal, necessita de investimentos para o crescimento”, afirma Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research.

Segundo ele, a entrada na nova recuperação judicial foi uma “necessidade”, para que a companhia pudesse renegociar as dívidas, ante um cenário de endividamento alto e encargos financeiros e jurídicos elevados.

“O movimento não parecia estar precificado”, aponta Niels. No dia seguinte ao anúncio, quinta-feira (02), OIBR3 encerrou o pregão com 21,67% de queda, após subir 0,5% na quarta. 

Novidade na telinha

“Chega ao fim o mais impactante e relevante processo de recuperação judicial do judiciário brasileiro, e um dos casos mais complexos do mundo jurídico contemporâneo”, escreveu o juiz Fernando Viana à data do encerramento do processo. Viana também foi embora antes dos créditos. 

Com mais um pedido de recuperação judicial, o novo episódio desse enredo extenso e complicado, gerado por um rombo de R$ 65 bilhões, ganhou um agravante: Oi tem ainda menos saídas que antes – e já eram poucas.

Em dezembro, a recuperação acabou com um saldo devedor de R$ 22 bilhões. “Tínhamos uma empresa, apesar de vitoriosa na recuperação, com uma saúde financeira muito fraca”, afirma João Tonello, jurista pós-graduado e analista de ações da Benndorf Research.

“A diferença é que, agora, as saídas para a companhia parecem reduzidas, uma vez que boa parte dos ativos que ajudariam na redução do endividamento já foram vendidos”, complementa Niels Tahara.

E a protagonista dessa série com temporadas inesgotáveis tem mais um problema. O cenário macroeconômico da RJ anterior é bem diferente de agora.

“O ambiente de taxas de juros mais altos deve dificultar ainda mais o processo, além de um cenário de crédito restritivo, com diversas empresas já apresentando problemas financeiros, o que tende a tornar as renegociações mais complexas”, explica o head de análise fundamentalista.

Parece que essa história não tem final feliz. “É difícil estimar o impacto, mas a situação é péssima”, afirma o analista da Benndorf.

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