O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros de 14,75% para 15% ao ano nesta quarta-feira, 18 de junho. Com o aumento de 0,25 ponto percentual, a Selic alcança o maior patamar desde julho de 2006. Esta é a sétima alta consecutiva no atual ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro de 2024.
A decisão dividiu analistas: levantamento feito pelo Valor Econômico mostrou que 62% das instituições esperavam manutenção da taxa, enquanto 38% previam a elevação. Apesar da surpresa entre economistas, o mercado já precificava uma chance de 65% para a alta, segundo análise da Nomos.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirmou que o ambiente internacional segue adverso e incerto, especialmente devido à política fiscal e comercial dos Estados Unidos e às tensões geopolíticas no Oriente Médio. No cenário doméstico, a inflação permanece acima da meta e as expectativas para 2025 e 2026 continuam desancoradas, projetadas em 5,2% e 4,5%, respectivamente, segundo o relatório Focus.
O Banco Central também reforçou a necessidade de manter a política monetária em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado”, com o objetivo de garantir a convergência da inflação para a meta de 3% ao ano. O Comitê alterou ainda sua linguagem para indicar que os juros elevados devem permanecer por um “período muito prolongado”, sem descartar novas altas, caso julgue necessário.
Entre os fatores domésticos que pressionaram a decisão, está a recente instabilidade fiscal. No fim de maio, o governo elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas recuou parcialmente após reação negativa do mercado e do Congresso. As novas medidas ainda geram incerteza sobre o equilíbrio das contas públicas e o impacto inflacionário dessas decisões.
Em termos de atividade econômica, o Comitê reconheceu alguma moderação, mas destacou a resiliência do mercado de trabalho. A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 subiu de 2,02% para 2,20% nas últimas semanas, conforme dados do Focus.
A manutenção da taxa nos níveis atuais dependerá, segundo o Copom, dos impactos acumulados das altas já realizadas e da evolução do cenário fiscal e inflacionário. A próxima reunião do colegiado está marcada para agosto, quando o Comitê deverá reavaliar a trajetória da política monetária diante de novos dados.
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