A Simpar [SIMH3], conglomerado de mobilidade e serviços ambientais, anunciou a venda de 100% da Ciclus Ambiental, controladora da Ciclus Rio, para uma subsidiária da Aegea Saneamento. A transação, avaliada em R$ 1,1 bilhão em equity value e R$ 1,9 bilhão em enterprise value, foi comunicada em Fato Relevante na noite desta terça-feira (19) e marca um passo estratégico para a Simpar em sua gestão de portfólio.
A Ciclus Rio é conhecida por operar o maior aterro sanitário de bioenergia da América Latina, localizado em Seropédica, no Rio de Janeiro. A empresa é responsável pela concessão de gestão de resíduos sólidos urbanos da capital fluminense, incluindo coleta, tratamento e destinação final do lixo urbano. O negócio ainda precisa da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para ser concluído.
Detalhes da negociação e perspectiva do mercado
A operação de venda prevê o pagamento do valor em três parcelas anuais. A primeira, de R$ 800 milhões, será paga no fechamento do negócio, enquanto duas parcelas subsequentes de R$ 150 milhões cada serão pagas em abril de 2026 e abril de 2027, respectivamente, corrigidas pela taxa CDI.
Segundo análise do banco Safra, a venda da Ciclus é “muito positiva” para a Simpar. O banco destaca que a transação comprova a capacidade do grupo de gerar valor com seus ativos, já que a Ciclus foi vendida por um múltiplo (9.1x EV/EBITDA anualizado) significativamente superior ao da própria Simpar (4.0x EV/EBITDA estimado para 2025).
Apesar de ser considerada positiva, o Safra ressalta que o impacto na alavancagem da Simpar será limitado. A estimativa é de uma redução de 2,5% na relação dívida líquida ajustada/EBITDA da empresa, passando de 3.86x no 2T25 para 3.76x. Isso se deve ao tamanho da operação ser pequeno em comparação à escala consolidada do grupo, que possui um EBITDA de R$ 11,7 bilhões.
O JP Morgan também avalia a operação como “positiva” e destaca que ela “desalavanca a Simpar no nível de holding” e “destrava valor” por meio da venda de subsidiárias não listadas. O banco aponta que o múltiplo da transação (7,7x EV/EBITDA projetado em 12 meses) é superior ao da Simpar (3,8x), e até mesmo ao de pares globais do setor de resíduos (8,3x). O JP Morgan também observa que a Ciclus Rio, juntamente com a Ciclus Amazônia, foi avaliada em R$ 1,2 bilhão, o que mostra que o valor de R$ 1,1 bilhão obtido apenas com a venda da Ciclus Rio é bastante significativo.

Estratégia da Simpar e o futuro da Ciclus Rio
A Simpar afirmou em seu Fato Relevante que a venda está alinhada à sua estratégia de “gestão ativa de um portfólio de empresas independentes, com foco na maximização da geração de valor”. A transação é vista como parte do plano de monetizar ativos maduros para melhorar sua estrutura de capital e direcionar recursos para outros investimentos.
Para a Ciclus Rio, a integração à plataforma da Aegea Saneamento, gigante do setor, permitirá que a empresa continue sua expansão e aproveite a expertise da nova controladora em soluções de saneamento. A Ciclus opera desde 2010 e processa cerca de 10 mil toneladas de resíduos por dia, com captação de mais de 24 mil Nm³ de biogás por hora, que é parcialmente convertido em biometano.
O banco BTG Pactual atuou como assessor financeiro da Simpar na transação.
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