Isabela Jordão
Um novo contrato futuro de índice vai estrear em breve na B3. De acordo com o ofício divulgado pela operadora da Bolsa na quarta-feira (05), o contrato futuro do Índice Small Cap (SMLL) vai estrear em 5 de agosto. A operação estruturada de rolagem do contrato estará disponível na mesma data.
Sob o código SML, os contratos vão juntar-se ao portfólio de futuros do mercado nacional, que dispõe também de contratos de Ibovespa e do S&P 500 no segmento de índices. O vencimento do SML será em todos os meses pares do ano, nas quartas-feiras mais próximas do dia 15.
Em época de juros a dois dígitos, o surgimento de um novo produto referenciado em empresas dependentes de crédito para crescer levanta perguntas sobre a liquidez que os futuros do SMLL terão. Marco Saravalle, sócio e CIO da MSX Invest, vê a novidade como positiva, ao mesmo tempo em que expressa ceticismo quanto ao sucesso dela no mercado.
“O nosso mercado, para determinados ativos, ainda é muito pequeno. Temos uma série de índices aqui no Brasil, mas a liquidez mesmo fica só nas ações que compõem o Índice Bovespa.” Assim, o executivo é pouco otimista quanto à liquidez que o SML deve alcançar.
Não é que não exista demanda por novos produtos. A questão é que, em tempos mais restritivos para o mercado financeiro – a saída de capital estrangeiro da B3 no primeiro semestre deste ano foi a maior desde 2020, ano da pandemia – a seletividade dos investidores aumenta, restringindo a adesão.
“A B3 tem tentado implementar outros ativos, ou derivativos, mas não necessariamente que todos eles vão ser um sucesso. Talvez até a minoria seja um sucesso”, analisou o CIO da MSX.
A B3 lançou os contratos futuros de Bitcoin (BIT) em abril deste ano. Com volume de negociação diário médio de R$ 356 milhões no mês de estreia – os futuros de dólar registraram R$ 131 bilhões, para efeitos de comparação –, o BIT vem registrando aumento de liquidez, mas ainda não significativo, ainda ficando sujeito a spreads mais elevados e distorções de preço.
A primeira evolução para o mercado interno, prossegue, seria melhorar a liquidez dos ativos em Bolsa, “e a gente não tem espaço para isso, pelo menos no curto prazo”. Como exemplo, Saravalle menciona ações de small caps que passaram dos R$ 20 milhões para R$ 2 milhões negociados por dia, uma redução expressiva de liquidez.
Reiterando como considera o lançamento do SML uma notícia boa, o especialista termina com um alerta: “não é isso que vai mudar completamente a atratividade para empresas menores, ou atrair, aumentar liquidez para as empresas menores.