Estamos a uns dias vendo a nossa bolsa, descrita pelo Ibovespa, a fazer novas altas a cada dia. E o motivo para isso são vários: (i) riscos fiscais de cauda desaparecendo com aprovação do arcabouço fiscal; (ii) inflação moderando – finalmente a SELIC a 13,75% está surtindo efeito; (iii) esses dois primeiros pontos indicando, junto com praticamente toda a curva de juros, um início de queda da Selic em breve; (iv) resultados ruins das empresas parecem ser passado – 4T22 e 1T23 parecem que a qualidade dos lucros já atingiu o fundo do poço; (v) visão técnica positiva.
O Ibovespa, ainda que seja o nosso índice de ações mais conhecido, é bastante distorcido em relação a representação da nossa economia, sendo dominado por setores específicos, como commodities (ie petróleo, mineração, siderurgia, papel e celulose), bancos, e em menor grau, em elétricas. Se somarmos esses setores citados, o Ibovespa tem 67,8% de papeis em sua composição e a um ano atrás era 68,6%, praticamente a mesma proporção (2/3 do índice). Assim, a participação de outros setores da economia é pouco representada nesse índice.
Nos próximos gráficos, vemos como os setores citados desempenharam contra o Ibovespa, ou seja, são os índices setoriais comprados, contra o Ibovespa vendido, ou seja, o movimento relativo de cada setor contra o movimento do Ibovespa. Vemos nos últimos 12 meses que bancos, petróleo, elétricas se beneficiaram, enquanto materiais básicos sofreram em relação ao próprio Ibovespa (aqui VALE3 é a grande detratora, e em segundo lugar, as siderúrgicas, mas papel e celulose andou em linha com o índice).
Ou seja, “o que sobra”, a maioria dos demais setores, ainda está por reagir. 81% do resultado desse último ano veio dos setores selecionados acima, ainda que esses respondam por 68,8% do índice.
As empresas menores (small caps) tendem a ser mais vulneráveis ao ambiente externo a elas que as maiores. Em um ciclo de alta de juros, tendem a se fragilizar mais pois costumam ter menos opções de financiamento que as grandes. Mas quando a situação macroeconômica se normaliza, elas também tendem a se beneficiar mais e a andar na frente das grandes. Esse efeito costuma ser descrito como “beta” alto.
É exatamente isso que vemos desde final de abr/23.
Esse efeito é mais claro ainda quando olhamos o SMLL, índice de small caps que mais sofreu mais que o IBOV desde 4T21, ou seja, nos últimos 6 trimestres e recentemente, do final de abr/23 para cá, começou a reagir positivamente.
Nesse período, o SMLL andou +9,8% em relação ao IBOV. Mas se olharmos o que perdeu do 3T21 até hoje, esse valor para voltar ao mesmo patamar deveria ser uma apreciação de 42,7%; ou seja, ainda temos 32,9% de apreciação do SMLL em relação ao IBOV, caso acreditemos no retorno do SMLL em relação ao IBOV de 2021. Caso não acreditemos, mas usemos 50% dessa lacuna, ainda teríamos uma apreciação de 11,6%.
SMLL/IBOV
0,0173 (mínimas)
0,0190 (hoje)
0,0247 (3T21)
Mínimas => 3T21 = +42,7%
Mínimas => Hoje = +9,8%
O Ibovespa fez seu pico em 07-jun-21, aos 130.776,27. Já o SMLL fez seu pico em 21-jun-21, aos 3224,79. No momento atual (Ibov = 116.514 e SMLL = 2195), temos alta de +12,2% e +46,9%, respectivamente, para se atingir o pico anterior. Ou seja, o Ibov tem menos potencial para quebrar seu pico anterior do que o SMLL (ou já andou na frente).
Por fim, small caps reagem em um segundo momento em relação as grandes empresas. Por uma questão do próprio ciclo econômico, o movimento mais comum é ver uma reação positiva inicial nas grandes empresas que só depois será seguido pelas empresas menores. Ou seja, há uma diferença no tempo em relação ao melhor momento de investimentos.
Como posso aproveitar esse efeito?
O mais simples é comprando um ETF que mimetize esse índice, como o SMLL11. Mas essa estratégia não é sem risco. Até porque os cálculos foram feitos no relativo do SMLL em relação ao IBOV.
Assim, o jeito mais fácil de se aproveitar esse efeito é através de uma carteira que aloque parte em small caps. Fica a sugestão da Carteira Recomendada do Max, que tem estruturalmente um pedaço entre 25% a 40% nesse tipo de ativo e vem performando melhor que o Ibovespa.
Mais detalhes? Procure seu assessor financeiro, ou se ainda não for nosso cliente, procure um de nossos assessores.
Bons investimentos!