Por Caroline Galdino, Equipe TradeNews
Enquanto a Nvidia se aproxima de um valor de mercado de US$ 4 trilhões, a maioria esmagadora dos analistas de Wall Street continua apostando em mais valorização da queridinha da inteligência artificial. Mas há uma exceção: Jay Goldberg, da Seaport Global Securities, é o único entre dezenas de especialistas a manter uma recomendação de “venda” (ou equivalente), para as ações da empresa.
Segundo dados da FactSet, Goldberg se destaca por sua visão contrária, algo raro no ambiente de cobertura das gigantes de tecnologia, onde a tendência é de consenso. Em documento enviado à Sherwood News, ele afirma que as perspectivas otimistas da Nvidia já estão amplamente precificadas, e que os retornos dos investimentos em IA ainda são incertos.
“O entusiasmo com a IA é real, mas muitos clientes da Nvidia ainda não viram retorno efetivo sobre os investimentos pesados que fizeram”, pontuou o analista, alertando para uma possível desaceleração nos orçamentos de IA a partir de 2026.
Goldberg também destaca a complexidade técnica dos sistemas da Nvidia em comparação com data centers tradicionais, mencionando desafios logísticos e operacionais em toda a cadeia de suprimentos. Além disso, ele vê a possibilidade de que o quase monopólio da Nvidia enfrente competição no médio prazo, já que seus principais clientes: como Meta , Microsoft e Amazon estão investindo em chips próprios, o que pode enfraquecer o domínio da empresa.
“Há um forte movimento dos hyperscalers para desenvolver alternativas internas à Nvidia – os maiores clientes da empresa estão todos buscando projetar seus próprios chips”, explicou.
Seu preço-alvo para a ação é de US$ 100, uma queda de 37% em relação ao fechamento de terça-feira (01/07). No curto prazo, ele ainda aponta entraves cíclicos, como possíveis gargalos na produção da linha Blackwell, podem gerar preocupações adicionais.
Claro, também há riscos relevantes para a tese pessimista. O principal deles, segundo Goldberg, seria algum “avanço inesperado” na IA que pudesse gerar um novo pico de demanda. Essa é uma possibilidade que os analistas da Loop Capital, que têm o maior preço-alvo de Wall Street (US$ 250), claramente consideram mais provável.
Apesar de suas advertências, Goldberg ainda não conseguiu convencer muitos investidores a adotarem sua visão… por enquanto. Desde sua recomendação de venda em abril, os papéis da Nvidia subiram mais de 40%.
Mesmo isolado, o analista segue firme em sua tese contrária, e lembra que, em mercados movidos por euforia, a divergência pode ser uma virtude.
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