Super Quarta: ciclo de alta continua?

por Beto Saadia

 

Esperamos que o Banco Central eleve a taxa em 25 pontos-base na próxima reunião do Copom. Uma alternativa, caso o comitê não decida pela alta, será reforçar o discurso de manutenção de juros elevados por mais tempo do que o previsto (higher for longer).

Após a última reunião do Copom, o mercado passou a considerar que o ciclo de alta da Selic havia se encerrado. Mas os fatores que animaram os mercados desde então tornaram-se difusos.

Havia expectativa de uma desaceleração acentuada nos EUA ou até de uma recessão. No entanto, estamos vendo que as tarifas não tiveram um impacto desastroso na atividade econômica, como se previa. Esse cenário implica juros altos por mais tempo por lá, o que também pressiona a perspectiva de juros mais altos por aqui.

A trajetória de queda nos preços do petróleo foi revertida com a recente escalada bélica no Oriente Médio.

Diante de dados recentes de forte atividade econômica, houve revisões na projeção de crescimento do PIB para níveis próximos a 2,5%, patamar que ainda pressiona a inflação. Além disso, dados recentes do mercado de trabalho sinalizam mais pressão sobre os salários à frente.

Vemos com especial preocupação a aceleração dos estímulos fiscais com a aproximação do período eleitoral, combinada à crise orçamentária que se arrasta no Congresso. Fatores que ajudam a desancorar as expectativas de inflação na projeção Focus, que registra 4,5% para o fim de 2026 — ainda bastante acima da meta.

[Fonte: Beto Saadia]

O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

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