As ações da Telefônica Brasil (VIVT3) abriram o pregão desta quarta-feira (27) em queda de 1%, intensificando as perdas ao longo do pregão, na quarta sessão consecutiva de baixa. A atenção do mercado recentemente orbita em torno do balanço trimestral da companhia, divulgado ontem após o fechamento do mercado.
A receita líquida da companhia, dona da operadora de telefonia Vivo, subiu 11,1% no comparativo anual – 7,6% excluindo a aquisição da Oi Móvel –, totalizando R$ 746 milhões. Para os analistas do Morgan Stanley, a cifra representa a concretização de sua tese de investimento para a Telefônica. Enquanto as receitas superaram as expectativas do banco americano em 2,5%, o Ebitda recorrente de R$ 4,6 bilhões veio abaixo da projeção, por conta da inflação de custos.
“No entanto, acreditamos que a sazonalidade e a redução das pressões inflacionárias no segundo semestre devem adicionar margens melhores à frente do sólido faturamento de uma das ações mais defensivas em nossa cobertura”, avaliaram os analistas Cesar Medina, Ernesto Gonzalez e Gabriel Vaz de Lima.
O Morgan Stanley reiterou a recomendação “overweight”, equivalente à “compra” para os papéis da Telefônica, com preço-alvo de US$ 12.
A XP Investimentos reagiu de forma semelhante, mencionando também o “sólido crescimento de receita líquida” e decepção com o Ebitda. “Vale destacar o forte de crescimento da receita de serviços móveis apesar de um cenário macro mais desafiador”, escreveram os analistas Bernardo Guttmann e Marco Nardini.
“A Vivo tem conseguido aumentar o preço sem aumentar o churn de sua base de clientes”, acrescentam. “Churn” refere-se à parcela de clientes que param de comprar ou usar os produtos de uma empresa. No caso da Vivo, o churn do pós-pago foi de 1,1% no segundo trimestre desde ano, ante 1,2% do período imediatamente anterior.
Em contrapartida, o Citi reiterou a recomendação “neutra” para VIVT3, com preço-alvo de R$ 53, acima do fechamento anterior em 14,2%. Os analistas Gabriel Gusan, Roberta Versiani e Karina Salva Martins comentaram em relatório que o balanço veio abaixo do esperado, com despesas impactadas pela inflação na linha de pessoal e maiores custos financeiros devido à maior alavancagem, maior taxa Selic e alta linha de variações monetárias.
Em termos de recomendação de investimentos, a Benndorf Research foi ainda mais enfática, recomendando “troca imediata” de VIVT3, para quem tem o papel em carteira, por EQTL3. A casa considerou o resultado mediano e, em termos de análise gráfica, indicou evidência de “um claro movimento de reversão negativa para Telefônica Brasil, com a perda da antiga linha de suporte agora representando uma forte resistência para o papel”.
Os analistas da Benndorf enxergam redução de catalisadores para a empresa nos próximos trimestres agora que as sinergias das operações de desinvestimento da Oi já entram para o balanço, “fato que recoloca o status de cash cow para VIVT3 com melhores opções de investimentos em EQTL3”. No gráfico de preços, “os topos e fundos descendentes representam uma nova correção no longo prazo, com resistência principal nos R$ 48,50”.
“A companhia possui uma operação madura e geradora de caixa e mantém tradição de boa pagadora de dividendos, com um histórico de 100% de payout” justfica a Eleven. Além da remuneração ao acionista, os analistas categorizam o valuation de VIVT3 como atrativo, “negociando a um múltiplo EV/EBITDA de 4,3x descontado em relação à média histórica de 5x”.
Na teleconferência de resultados, realizada na manhã de hoje, o presidente da Telefônica, Christian Gebara, afirmou esperar algum ganho de margem da companhia através de iniciativas adicionais de automatização dos serviços. “A digitalização tem papel importante na redução de custos”, declarou o executivo, conforme grifo da Agência Estado.
Gebara informou que tal digitalização pode avançar no que tange ao atendimento aos clientes e à comissão por vendas. Atualmente, 30% das vendas ocorrem através de canais automatizados, patamar que, segundo o chefe da empresa, pode crescer. Os preços dos planos e serviços estão acontecendo conforme a inflação, de acordo com o executivo.
Referente à eventual suspensão da venda dos ativos da Oi Móvel pela Anatel, Gebara disse que “não é algo que está em jogo”.
As ações VIVT3 encerraram as negociações desta quarta-feira com 3,56% de queda, cotadas a R$ 44,74.