As ações do Grupo Pão de Açúcar [PCAR3] estão entre os destaques positivos da Bolsa em setembro, acumulando alta de 8,70% no mês e de 52,09% em 2025. O movimento chama atenção porque acontece em meio a um cenário de disputas acionárias, risco de governança e pressão sobre a alavancagem financeira da companhia.
Investidores estratégicos e possível saída do Casino no radar
Segundo Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, o desempenho da PCAR3 tem dois principais motores. O primeiro é o aumento de participação de investidores relevantes, como Supermercados BH e Cencosud, que vêm demonstrando interesse no GPA. O segundo é a expectativa de venda da fatia remanescente do Casino, que ainda detém 22,5% da empresa.
“A saída do Casino pode remover um dos maiores riscos de governança da companhia e até acontecer a preços acima da cotação atual”, diz Piovesan.
O analista ressalta, no entanto, que as disputas entre antigos e novos acionistas seguem como um fator de instabilidade. “Apesar de o GPA ter se tornado uma corporation, a governança ainda pesa na estratégia e cria incertezas sobre os rumos do grupo”, afirma.
Capitalização privada em discussão
Relatório recente do JP Morgan destacou que um grupo de conselheiros e acionistas discute uma capitalização privada de R$ 500 milhões, equivalente a cerca de 25% do valor de mercado da companhia, a R$ 4,50 por ação. O aporte seria liderado por um player de varejo que não faz parte do bloco atual e ocuparia cadeira no conselho.
O banco avalia que a medida poderia reduzir a alavancagem de 4,9 vezes dívida líquida ajustada/EBITDA registrada no segundo trimestre, além de abrir espaço para corte de despesas e de capex. Ainda assim, mantém recomendação Underweight para o papel, ressaltando que a valorização de mercado permanece limitada.
Disputas societárias seguem em foco
No fim de agosto, a família Coelho Diniz tornou-se a maior acionista individual, com 24,6% do capital, superando o Casino. O movimento elevou a pressão por mudanças no conselho de administração e adicionou mais incertezas ao processo de governança.
Visão fundamentalista: força de marca versus desafios financeiros
Para Piovesan, o Pão de Açúcar segue sendo uma marca relevante e com receita significativa em comparação ao valor de mercado atual. “Há espaço para um turnaround, mas será um processo demorado, porque a empresa ainda queima caixa e enfrenta passivos fiscais bilionários”, afirma.
Perspectiva operacional
Na visão de João Tonello, analista pleno da NMS Research, o GPA mostra sinais de recuperação operacional com avanço em vendas mesmas lojas e melhora de margem bruta. A companhia também vem reduzindo custos extraordinários e investindo em digital e lojas de proximidade.
O desafio, no entanto, continua sendo o lucro líquido negativo e a elevada dívida. “Se o GPA conseguir reduzir alavancagem e manter a melhora operacional, pode haver uma virada estrutural. Mas o ambiente macroeconômico será determinante para as margens”, explica Tonello.
Análise técnica de PCAR3
O gráfico semanal de PCAR3 segue em tendência primária de baixa desde 2021. Segundo Tonello, os repiques recentes ainda não configuram uma reversão estrutural.
“A região de R$ 4,50 a R$ 4,60 é uma resistência importante, enquanto o suporte crítico está em R$ 3,30 a R$ 3,50. A perda desse nível poderia levar o ativo a testar fundos históricos próximos de R$ 2,50”, afirma.
Para o analista, o movimento atual representa correções pontuais, mas sem gatilhos técnicos consistentes para compra. “É preciso cautela para não cair em armadilhas de falso rompimento”, diz.
O que esperar
Com valorização expressiva no ano e rumores de mudanças relevantes na estrutura acionária, o GPA segue no radar do mercado. O futuro da PCAR3 dependerá do desfecho das disputas de governança, da capacidade de reduzir alavancagem e da concretização de novos aportes de capital.




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