Por Renato Nobile
Esse mês de outubro tem sido especialmente marcante para Elon Musk. O anúncio da primeira linha de robôs táxis da Tesla surpreendeu o mercado já apresentando modelos sem volantes: o CyberCab e a Robovan. Poucos dias depois, a SpaceX fez o que parecia ser impossível e acabou com a história de que “foguete não dá ré” no quinto lançamento de teste da Starship.
Como se não bastasse, foram divulgados na semana seguinte os resultados da Tesla do terceiro trimestre de 2024 apresentando fortes vendas, maior margem nos ganhos e a empresa ainda aumentou a previsão de vendas para o próximo ano.
Com uma receita de US$ 25,2 bilhões no trimestre, não apenas notamos o crescimento da companhia, mas seu resultado nos ajuda a entender o caminho que ela pretende trilhar. Hoje é muito claro que a Tesla tem focado no desenvolvimento de carros totalmente autônomos e está se posicionando como líder no futuro do transporte urbano, no entanto, compará-la com outras montadoras como a GM ou a Ford é uma visão limitada.
O que torna a Tesla única, além de sua visão de longo prazo, é sua capacidade de inovar em várias frentes ao mesmo tempo. Voltada para inteligência artificial, robótica e automação, a companhia está em uma posição que nenhuma outra montadora tradicional conseguiu ocupar. Atualmente, ela tem modelos de negócios em Energia Solar, Baterias, Seguros Automotivos, Venda de Créditos de Carbono, Infraestrutura de Recarga entre outros, sem contar com o que vem por aí como robôs e licenciamento de baterias e sistemas de direção autônoma para outras montadoras.
Um dos destaques deste trimestre foi o desempenho do segmento de energia, que viu suas margens brutas saltarem para impressionantes 30,5%. A crescente demanda por produtos como os Powerwalls e Magapacks mostra como a Tesla está capitalizando na transição global para fontes de energia renováveis. Enquanto isso, o setor de serviços – que inclui desde manutenção até a rede de superchargers – também teve uma melhora significativa, com margens atingindo 8,8%. Esses números demonstram que a Tesla não é apenas uma montadora de carros, mas uma verdadeira potência em outras soluções que passam muitas vezes despercebidas pelo mercado.
Se tem uma coisa que ficou clara nos últimos tempos, é que o hardware é a “parte fácil”, mas o aperfeiçoamento do software é extremamente complicado e ainda deve levar um tempo. Mesmo assim, quando olhamos para outras gigantes da tecnologia que redefiniram seus setores, a comparação é inevitável. Empresas como a Apple e a Amazon não apenas transformaram suas indústrias de origem, mas também criaram ecossistemas inteiros ao seu redor e nem precisariam dizer, mas capturaram muito valor ao longo das décadas.
Apesar do sucesso impressionante da Tesla, é fundamental reconhecer os desafios que ela enfrenta. A concorrência no mercado de veículos elétricos está se intensificando, os riscos de execução de seus projetos de grande escala não podem ser ignorados e, muitas vezes, o mercado precifica a empresa à perfeição, o que eleva as expectativas e a pressiona a entregar resultados extraordinários constantemente. Esses fatores exigem cautela e uma análise constante dos riscos, mas não mudam o fato de que já vem já vem, desde hoje, moldando o amanhã.
Com suas inovações em veículos, energia e robótica, a Tesla está muito além de uma simples montadora e é uma das empresas mais dinâmicas da atualidade. Ela está, de fato, jogando um jogo completamente diferente, no centro de várias revoluções tecnológicas que têm o potencial de transformar setores inteiros da economia global.
*Este texto tem caráter meramente informativo e não se trata de uma recomendação de investimentos. O autor não se responsabiliza por qualquer decisão ou ação tomada com base nas informações apresentadas. O investidor deve realizar sua própria análise e avaliar os riscos e benefícios de cada oportunidade.
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