Teto do rotativo não deve influenciar ações nem receitas de bancos

[Fonte: Freepik]

No dia 3 de janeiro, entrou em vigor o teto dos juros do rotativo do cartão de crédito, medida que impõe limites para o endividamento nesta modalidade. Mesmo com as variadas discussões em torno dos efeitos da regra ao consumidor, outra parte importante neste cenário também será afetada pelo teto: os bancos, ainda que de maneira diferente.

Para Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, a mudança deve resultar em uma alta no índice de inadimplência dos bancos. Isso porque, na visão do analista, a queda no limite dos juros pode incentivar o consumidor a obter mais dívidas.

A regra estabelece que a taxa de juros do rotativo terá um teto de 100% – ou seja, caso uma pessoa deixe de pagar uma fatura no valor de R$ 1 mil, o valor máximo que ela pode ter que pagar será de R$ 2 mil em 12 meses.

Esta modalidade tem a duração de 30 dias e, após o fim desse período, a dívida não quitada passa para crédito parcelado e deve ser renegociada com a instituição financeira. 

A medida tem como objetivo diminuir o endividamento e faz parte da Lei do Desenrola. 

Balanços

“A gente vê essa medida […] como pouco efetiva ou de impacto relativamente pequeno para o resultado dos grandes bancos”, explica Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial. 

De acordo com ele, o fato do rotativo ser uma linha de curto prazo e dos bancos oferecerem alternativas mais baratas quando o prazo de 30 dias acaba faz com que o impacto nos resultados financeiros das empresas seja menor. 

“Continuamos aqui na Eleven tendo uma visão construtiva [para os bancos], principalmente para Itaú, que é a nossa top pick […] entre os grandes bancos”, afirmou. 

Piovesan compartilha a visão de Daltozo. Para ele, a regra não terá impacto na forma de agir dos consumidores e declara: “quem paga a dívida vai continuar pagando e quem não paga, que não é adimplente, vai continuar não sendo […] adimplente”.

Por isso, o analista sinaliza que o teto não deve influenciar na receita dos bancos.

As ações

Outro debate criado em meio à mudança no rotativo foi de que forma isso poderia impactar os ativos das instituições financeiras. Piovesan é claro: na visão do analista, a medida não deve afetar a performance das ações de bancos.

Segundo ele, o fato da regra não influenciar na receita destas empresas também contribui para que seus papéis também não sejam impactados. 

Praticamente todas as ações de bancos estão com perdas neste início de 2024, à exceção de Banco do Brasil [BBAS3], que sobe 1,08% neste ano. A maior perda é de Bradesco PN [BBDC4], que recua 7,67%.

Por outro lado, todas subiram nos últimos 12 meses.

Todos os bancos do Ibovespa subiram em 2023. [Fonte: Sindicato de bancários de Maringá]

Pessoa física

Na projeção de Piovesan, o teto do rotativo deve tornar o crédito mais restritivo. O analista afirma que a regra tem a propensão de reduzir a concessão, o que seria uma forma dos bancos “se protegerem”. 

Para Leonardo Piovesan, teto do rotativo deve tornar crédito mais restritivo. [Fonte: Freepik]
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